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TI Kaxinawá/Ashaninka: Cuidados ecológicos com as riquezas da Floresta

Recursos Florestais e Florísticos da TI / – Diretrizes para o Manejo das riquezas da

O Plano de Gestão Indígena Kaxinawá e Ashaninka do Rio Breu, publicado conjuntamente por três entidades acreanas, AKARIB – AMAAI/AC – CPI\AC (2007), registra um esmerado cuidado com o manejo dos recursos florestais dos indígenas. Esse cuidado se expressas nas recomendações desenvolvidas coletivamente pelas comunidades indígenas para proteger  os recursos naturais do pedaço de onde vivem para as gerações presentes de futuras.

  • Venda de madeira: Fica proibida a venda de madeira tirada da Indígena. Canoas, barcos, madeira serrada e outros produtos da madeira também não podem ser vendidos para fora. Toda madeira só poderá usada pela população indígena que vive dentro da Terra Indígena.
  • Mata Ciliar: Ninguém deve colocar roçado a menos de 100 metros da beira do rio, igarapés e lagos. Só pode derrubar na beira do rio para fazer aldeia ou colocação.
  • Aproveitamento da Madeira: Quando derrubamos árvores para utilizar a madeira, devemos avaliar se ela não está ocada ou com maduras. Aproveitar bem os galhos, as cascas e os frutos.
  • Madeira de Lei: Não devemos colocar roçado onde há muita madeira de lei. No caso de derrubada, aproveitar bem as madeira se houver medicinais, tirá-las para colocar em outro lugar. Plantar mudas de madeiras-de-lei nos locais que não serão usados para roçado.
  • : Devemos preservar asa colocações de seringa e plantar seringueiras próximas das aldeias.
  • Palheiras: Devemos plantar paxiubão, murmuru, açaí, patoá, pupunha, ouricuri, carnaubinha, bacaba, jarina, cocão, nas áreas próximas às aldeias.
  • Cobertura de Casa: Não devemos derrubar as palheiras baixas, só as muito altas. Deixar algumas palheiras altas para produzir sementes. Deixar os filhotes da palmeiras que estão nascendo.
  • Paxiubão e Paxiubinha: Dependendo do interesse e da condição da cada pessoa, utilizar a madeira serrada. Procurar sempre deixar algumas palheiras para produzir sementes, principalmente aquelas tortas e ocadas. Coletar as sementes para produzir mudas e repovoar as áreas onde não existem essas espécies. Deixar os paxiubões e as paxiubinhas nos roçados, evitando a derrubada.
  • Palheiras de frutas (açaí, bacaba, patoá, bocão, pupunha): Não devemos derrubar as palheiras, somente aquelas que são muito altas e não há como fazer o manejo. Fazer o plantio dessas espécies de palmeiras em vários lugares da Terra Indígena. Plantar muito açaí, bacaba, pupunha e patoá próximo da aldeia. Saber utilizar os aparelhos de alpinismo para fazer a coleta dessas frutas.
  • Óleos Florestais: Pesquisar as palmeiras e madeiras (copaíba, andiroba, etc.) que produzem óleo par usar como biodiesel e para outros usos.
  • Artesanatos da Floresta: Não devemos derrubar as árvores que são utilizadas para a produção de , mas fazer o manejo e plantá-las perto das casas. Ao tirar as cascas, não rodear as árvores para não matar.

    Ashaninka Thaumaturgo News
    Brasilien, Ashaninka.. 2016. © 2016 Victor Dragonetti / Agentur Focus

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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