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Lázaro Fagundes de Deus, um lindo ser encantado

Lázaro Fagundes de Deus, um lindo ser encantado
As pessoas não morrem. Ficam encantadas.” – Guimarães Rosa
 
Por Zezé Weiss
 
Semana passada o amigo Lázaro Fagundes de Deus embarcou nas asas da quimera. Tomou a esteira dos inalcansáveis mistérios do infinito. Foi morar no reino dos encantados.  Tornou-se, ele mesmo, um lindo ser encantado. 
 
Era nascido em julho, no 16. Partiu no mesmo julho, ao fim do mês. Escolheu o clima suave do dia 30 pra galopar sereno rumo aos jardins do céu.  Viveu bonito, passou dos 80, o meu amigo. Viveu leve, ganhando a vida honestamente, como dentista. 
 
Éramos militantes, eu e ele, nos anos 70, nos tempos bicudos da ditadura. Eu, radical, rasgando o verbo em tom agudo. Ele, doce e terno, falando baixo, mudando o mundo na gentileza. Um ser humano feliz, agradecido pela mulher bela e bondosa, e pelos  filhos inteligentes e lindos que Deus lhe deu.
 
Antonio Victor, eu seu poema-, bem define o meu amigo: “um encantador de sorrisos”.  Para este lindo ser humano, agora encantado, não podia haver melhor tradução. Será essa, com certeza, a lembrança de sua família e de todo mundo que o conheceu. 
 
se despede, já com saudade, de um filho amado.  Vai fazer falta, o nosso Lázaro. Mas, para quem passou por este mundo fazendo o bem,  esparramando bondades sem olhar a quem, é mais do que merecido o bom descanso, a paz dos justos, nas bandas de lá desse mundão de Deus.
 
Lázaro, um amigo de Jesus
 
Nossa pequena Formosa
amanheceu pequenina,
por situação forçosa
a que às vezes de destina.
Perde um filho tão amado
(Às vezes isso é preciso!)
Um trabalhador honrado,
encantador de sorrisos.
Um homem gentil, um fráter,
dono de um grande caráter,
a quem dedico o meu verso.
Toma, amigo, o teu compasso,
vai te aconchegar nos braços
do Arquiteto do Universo!
 
Antonio Victor
 
Lazaro foto de hebe 01
Zezé Weiss – Jornalista. Fotos cedidas por Hebe Fagundes, filha de Lázaro.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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