LEÃO XIV: O NOVO PAPA E SUAS MISSÕES

LEÃO XIV: O NOVO PAPA E SUAS MISSÕES

LEÃO XIV: O NOVO PAPA E SUAS MISSÕES

Do ponto de vista geopolítico, a escolha do novo Papa parece adequada…

Por Marcelo Zero

Em primeiro lugar, há de se considerar que os EUA, embora tenham maioria de protestantes, possuem a quarta maior população católica do mundo, ficando atrás apenas do Brasil, do México e das Filipinas. Além disso, os EUA são os maiores doadores para a Igreja Católica, sendo responsáveis por cerca de 30% do total de doações.

Embora 53% dos católicos dos EUA sejam brancos, há uma grande ligação da Igreja Católica estadunidense com o espinhoso tema da migração. Cerca de 29% dos católicos dos EUA são imigrantes e 14% são filhos de imigrantes.

Ainda assim, a Igreja Católica é bastante conservadora e, com ascensão de Trump, passou a concentrar uma oposição ao progressismo de Francisco. Embora o último Papa tenha sido popular nos EUA (tinha aprovação de 75%), sua aprovação vinha caindo e, nas últimas eleições presidenciais, 59% dos católicos dos EUA votaram em Trump.

Assim, o novo Papa parece ter sido eleito com uma tripla missão:

  1. Dialogar com o governo Trump, especialmente com o vice-presidente Vance, que se converteu ao catolicismo.
  2. Se reaproximar de setores mais conservadores da Igreja Católica.
  3. Fazer um contraponto doutrinário e ideológico ao trumpismo, especialmente nos temas da imigração, no combate às desigualdades, no acolhimento à diversidade etc.

Serão missões difíceis, sem dúvida. Precisará de todo apoio do Espírito Santo e da sua visão adquirida na América Latina (Peru).

marcelo zero 55f85f23bc680804857bea12fe12bedd86afd45eMarcelo Zero – Sociólogo. Matéria publicada originalmente no Brasil 247.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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