Lula e a lição de Marisa: “Lembre-se da sua mãe. Tem que teimar!”

e a lição de Marisa: “Lembre-se da sua . Tem que teimar!”

Se existiram duas pessoas absolutamente fundamentais para que eu pudesse me tornar o metalúrgico, o dirigente sindical e o presidente da República que fui, essas duas pessoas foram Dona Lindu, minha mãe, e Marisa, mãe dos meus filhos. Duas mulheres de luta que tinham em comum a garra e a fortaleza.

Uma vez, logo após as eleições de 1998, eu estava em frangalhos depois de uma campanha muito cansativa que havia terminado com nossa terceira derrota, e Marisa veio me dar uma bronca. “Para com isso, Lula”, ela me disse. “Lembre-se da sua mãe. Tem que teimar!” Marisa repetia uma frase de Dona Lindu. O que ela, Marisa, queria dizer, é que eu tinha de levantar a cabeça e seguir em frente. Dali a quatro anos voltaríamos mais fortes.

Depois que minha mãe morreu, às vésperas do dia das mães de 1980, Marisa assumiu a função de me fazer teimar. E tirava força sabe-se lá de onde. Tinha vez que ela conseguia ajudar nossos filhos com o dever de casa de matérias que ela nunca tinha visto na . E mantinha a engrenagem da nossa casa funcionando quando a militância, as campanhas e a intensa atividade como Presidente da República me obrigavam a ficar ausente a maior parte do .

Hoje penso que, se fui eleito e reeleito presidente desse país, a maior responsável foi a Marisa. Se terminei o mandato com aprovação recorde de 87%, foi muito por causa da Marisa. Se levamos o Brasil bem perto de ser a quinta do mundo, se conseguimos tirar o Brasil do mapa da fome, criar 22 milhões de empregos e promover a maior inclusão social e educacional da deste país, foi com a inestimável contribuição da Marisa.

Neste nosso primeiro dia das mães sem Marisa, só eu sei o respeito e o carinho que tive e tenho por ela, e por isso vou continuar afirmando que ninguém, nem juiz, nem polícia federal, nem ministério público, nem imprensa, tem o direito de fazer o que fizeram com ela. O vazamento de conversas privadas, a invasão do nosso apartamento, o confisco dos tablets dos nossos netos e, mais recentemente, a recusa em decretar sua absolvição sumária nos processos em que Marisa era ré, conforme estabelece a lei em caso de da pessoa investigada.

Neste dia das mães, nossos quatro filhos e eu temos muito do que nos orgulhar. E nada pode turvar nosso e reconhecimento à Marisa.

Que cada filho olhe para sua mãe com o máximo de carinho, respeito e gratidão por elas existirem! Um feliz dia das mães para todas as mães do Brasil!

Luiz Inácio Lula da

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Esta mensagem foi publicada pelo ex- em homenagem à Marisa e ao Dia das Mães em 14 de maio de 2017, no site do lula

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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