Luzia, o fóssil humano mais antigo já encontrado nas Américas, resistiu ao incêndio que destruiu cerca de 90% dos mais de 20 milhões de itens catalogados do acervo do Museu Nacional, o mais antigo museu do Brasil, na noite do dia 2 de setembro de 2018.
No último dia 19 de outubro, a professora Cláudia Rodrigues, membro da equipe de escavamento do Museu anunciou, em conferência de imprensa, que cerca de 80% do crânio e o fêmur de Luzia, o esqueleto mais antigo já descoberto no Brasil, foram recuperados dos escombros com alguns danos, mas em condições melhores do que as esperadas.
O fóssil que resistiu ao tempo, e agora ao fogo, foi encontrado pela missão arqueológica liderada pela arqueóloga francesa Annete Laming-Emperaire em escavações feitas na gruta da Lapa Vermelha, na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1975.
Mas foi no ano de 1998 que o esqueleto, datado pelo francês André Prous como tendo idade superior a 11 mil anos, ganhou fama, graças aos estudos apresentados pelo antropólogo brasileiro Walter Neves sobre o crânio da Homo sapiens batizada como Luzia.
Os estudos de Neves desbancaram a hipótese de que apenas os Homo sapiens do tipo mongoloide (parecidos com os indígenas norte-americanos) haviam colonizado a América via estreito de Beringer. Ao identificar em Luzia traços negroides, o antropólogo demonstrou que ela pode comprovar a teoria de que a colonização americana começou, de fato, a partir dos primeiros seres humanos da África e da Austrália.
O Museu informou, também, que os fragmentos estão passando por um processo de limpeza e estabilização, para depois serem guardados em um local não revelado, por motivos de segurança