Macron na ONU: “Comércio apenas com quem não desmata”
Presidente da França discursou poucas horas depois do presidente brasileiro
Do Portal Terra
“Não podemos mais ter estratégias comerciais que não levem em consideração as mudanças climáticas. Não podemos forçar alguns países a fazerem esforços e continuar negociando com aqueles que não o fazem. Não podemos continuar fazendo declarações neste palco e seguir importando produtos que vão contra isso”, disse Macron, reconhecendo que a própria França compra produtos que “levam ao desmatamento”.
“Isso envolve mudanças profundas, parcerias e estratégias com os países de origem, as empresas e as finanças. Não estou dizendo que está tudo bem na França, longe disso, mas, se coletivamente não formos transparentes, não formos responsáveis, não insistirmos em ser coerentes entre palavras e ações, e se não casarmos clima e comércio, nunca vamos conseguir. Vai demorar alguns anos, mas precisa começar agora”, acrescentou.
Macron ainda defendeu que todas as nações assumam o compromisso de neutralizar suas emissões de CO2 até 2050. Pouco antes, Bolsonaro, também sem citar o francês diretamente, havia afirmado que alguns países questionaram a “soberania” brasileira na Amazônia.
“Um deles, por ocasião do G7, ousou sugerir aplicar sanções ao Brasil sem ao menos nos ouvir”, dissera, em referência à França.
Com índices de popularidade em recuperação após o pior momento de seu mandato, Macron tenta não apenas se colocar como líder nas discussões sobre meio ambiente, mas também como antagonista da extrema direita no mundo.
Além de Bolsonaro, o presidente da França já trocou farpas com o mandatário dos EUA, Donald Trump, e o ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini. Em seu país, tem como adversária a deputada Marine Le Pen, que deve desafiá-lo novamente nas eleições de 2022.