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Maio me enternece

Maio me enternece

Poesia de Maio

Por Rosemary Lopes Pereira

Maio me enternece. Um perfume bom de flores acelera meu coração. Transporto-me. E ouço as águas cantantes dos riachos lavando as pedras das corredeiras.

Amo este azul sagrado, esta carícia de tantas lembranças. Diáfano céu que me cobre nas horas de quietude tamanha. Um vento ameno me segreda cantigas , de ousadia e paixão.

Quero correr, voar pelas campinas, olhar além do horizonte. Onde dormem anjos das florestas. É tão doce esse ar, que perpassa minha alma, que me diz onde mora a saudade. Um sentir brando. É maio que me diz poemas, versos nascidos de um olhar. De lágrimas, molhado.

Esta sintonia com o mês de maio. Quando vou buscar as imagens que não se apagam : de minha mãe rezando, preparando meu vestido de festa, tecendo loas de esperança;enxugando minha lágrima, coroando-me sua princesa.

A inspiração me veio dela. Minha mãe, poeta silenciosa. Foi ela que me ensinou; mãe abençoada, das madrugadas de vigílias. Minha mãe romântica. Aduladora. De regaço macio. Nas horas do meu sono. Maio, o seu mês de aniversário. Faceira mãe de minha vida.

Enquanto o céu ouve meu cantar, recolho imagens: de meu filho tão querido ! Remexo a caixa : onde guardo papéis de desenhos. Dedicatórias com letras grandes e desordenadas. Bilhetinhos cheios de amor. A risada gostosa assistindo desenhos na tevê. Os seriados comandados pela Jornada nas Estrelas. Hoje, moço feito, conserva aquele riso. E aquele olhar: meu filho sempre.

Fonte: Mensagens de Amor

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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