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MARIA FIRMINA DOS REIS: "SEU NOME"

MARIA FIRMINA DOS REIS: “SEU NOME”

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Seu nome! é minha glória, é meu porvir,
Minha esperança, e ambição é ele,
Meu sonho, meu !
Seu nome afina as cordas de minh’harpa,
Exalta a minha mente, e a embriaga
De poético odor.

Seu nome! embora vague esta minha
Em páramos desertos, – ou medite
Em bronca solidão:
Seu nome é minha ideia – em vão tentara
Roubar-mo alguém do peito – em vão – repito,
Seu nome é meu condão.

Quando baixar benéfico a meu leito,
Esse anjo de deus, pálido, e triste
Amigo derradeiro.
No seu último arcar, no extremo alento,
Há de seu nome pronunciar meus lábios,
Seu nome todo inteiro!

Trecho do poema “Seu Nome”, Cantos à beira-mar (1871), de dos Reis.

Maria Firmina dos Reis (1822–1917) – afrodescendente. Escritora maranhense. Primeira romancista brasileira. Em 1859, publicou Úrsula, romance entre a protagonista do mesmo nome e o bacharel Tancredo, um marco da da época, descrevendo a vida cotidiana de pessoas escravizadas, dos negros e negras, e, em especial, das mulheres negras.

Considerado um precursor da literatura abolicionista, o livro de Maria Firmina é também considerado uma das obras fundadoras da literatura afro-brasileira. Sua poesia, reunida no volume Cantos à beira-mar (1871), exprime forte tristeza e insatisfação perante a patriarcal e escravagista da época. 

Fonte: Cultura Genial, com edições de Iêda Leal, Conselheira da Revista Xapuri.

MARIA FIRMINA DOS REIS: "SEU NOME"
Iêda Leal – Conselheira da Revista Xapuri. Foto: Pessoal

APAGADA PELA HISTÓRIA

 

Por Raissa Rivera/Revista Marie Claire

maria firmina dos reis marie claireMaria Firmina dos Reis carrega o título de primeira mulher romancista do Brasil, além de ser pioneira da afroliteratura brasileira em uma época em que a abolição da escravidão ainda gerava controvérsias e revoltas em um país regido pela mentalidade colonial.

Nascida na década de 1820, seu primeiro romance, Úrsula (Ed. Penguin – Companhia, 224 págs.), foi publicado pela primeira vez em 1859, quase 30 anos antes da Lei Áurea decretar o fim da escravidão no país.

O que chama atenção para a obra de Maria Firmina é não só a crítica à sociedade escravocrata, mas também o fato de que, em seu texto, personagens pretas e mulheres escravizadas tinham espaço como narradoras, expondo conflitos internos e críticas à realidade em que viviam e aos senhores de escravos que regiam sua existência.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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