Marielle, 3 anos depois da execução

Marielle, 3 anos depois: O que apontam as investigações?

Marielle, 3 anos depois da execução: O que apontam as investigações? – Até hoje, as investigações não apontaram os mandantes do crime. Jurema Werneck, diretora-executiva da ONG Anistia Internacional no Brasil, acredita que isso contribui para esfriar a mobilização.

Por Roberta Pennafort/bbc.com/portuguese/brasil

“A indignação não diminuiu, mas a impunidade faz muita gente pensar ‘não tem jeito, aconteceu de novo, o não vai cumprir sua obrigação e há outras para prantearmos’. Cada um é deixado com a sua dor”, lamenta Werneck.

O que os investigadores revelaram até aqui é que Ronnie Lessa, um exímio atirador que circulava no submundo dos pistoleiros, e seu compadre Élcio Queiroz, conhecido pela destreza ao dirigir viaturas policiais, deixaram a Barra da Tijuca naquele 14 de março e ficaram de tocaia na Rua dos Inválidos, no bairro do Estácio, na região central do Rio, com o objetivo de tirar a de Marielle.

O plano começou a ser traçado meses antes, e os passos dela vinham sendo monitorados. A ideia era abrir com os carros em movimento, e assim foi feito.

Anderson, pai de um bebê, fazia bico de motorista para a vereadora havia pouco . Foi atingido por conta do ângulo de Ronnie ao disparar. Como Marielle, ele morreu na hora.

A assessora Fernanda Chaves, ao lado da parlamentar no banco de trás do carro, sobreviveu, e preferiu sair logo do país com a família, para não virar alvo.

Ela ajudou a polícia a traçar a dinâmica do crime, o tipo de arma usada pelo bandido (uma submetralhadora, conforme divulgado até aqui) e o uso de um silenciador acoplado a ela.

As suspeitas de quem contratou Ronnie e Élcio já recaíram sobre nomes da Câmara dos Vereadores e da Assembleia Legislativa do Estado, mas as investigações não apontaram a participação efetiva de ninguém além dos dois ex-PMs.

Jurema Werneck diz que a impunidade no Brasil é seletiva. “Não é que não haja capacidade de se investigar casos dessa natureza, mas determinados crimes as autoridades dizem ser muito complexos. Marielle foi morta no centro de uma das maiores capitais do . A gente vai continuar insistindo, ainda que que tarda não seja justa.”

Marielle, 3 anos depois da execução
Getty Images

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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