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Máscaras e luvas: da proteção contra a COVID-19 ao novo impacto ambiental

Máscaras e luvas: da proteção contra a COVID-19 ao novo impacto ambiental

Por Augusto Lima da Silveira

Desde que a pandemia do novo coronavírus mudou a nossa forma de viver em sociedade, podemos observar comportamentos que há pouco seriam impensáveis. As medidas de proteção para minimizar o contágio pela COVID-19 já fazem parte da rotina de uma parcela significativa da população. Produtos como o álcool 70%, máscaras e luvas de proteção integram a lista de compras em lares do mundo todo. O aumento no consumo destes materiais refletiu na quantidade e no tipo de resíduos que estamos produzindo para adotar tais medidas de segurança.

A falta da Educação Ambiental e de campanhas para a sensibilização da sociedade em relação aos resíduos sólidos, cobra mais uma vez o seu preço. É neste cenário de pandemia que precisamos novamente discutir questões básicas como o descarte correto de materiais, pois as mesmas máscaras e luvas que minimizam os riscos de contágio da doença agora são também descartadas nas ruas pela população.

Plásticos como o propileno e elastômeros como o látex fazem parte da composição desses materiais de proteção. Quando descartados, geram impactos ambientais típicos dos plásticos, apresentando inclusive o mesmo tempo de decomposição que varia entre 300 a 400 anos. Esse hábito agrava ainda mais a questão da contaminação do meio ambiente, além de apresentar sérios riscos à saúde pública. Quando os materiais de proteção chegam em locais inadequados, como as ruas das cidades, podem causar vários problemas, dos quais destacaremos três.

O primeiro deles, mais imediato, é a criação de novos focos de transmissão da doença, considerando o alto poder de disseminação do novo coronavírus e a contaminação dos materiais de proteção. O segundo problema está relacionado à chegada de luvas e máscaras em recursos hídricos, o que pode afetar a qualidade da água, impactar nos sistemas de tratamento e, além disso podem ser confundidos com alimentos e ingeridos pelos organismos aquáticos. O terceiro problema do descarte incorreto está na questão dos microplásticos. Quando materiais como o propileno chegam ao ambiente iniciam o processo de fragmentação, a primeira etapa da decomposição. Nesse processo as condições ambientais resultam na quebra do plástico em micropartículas que podem se acumular em organismos aquáticos. A preocupação neste caso, reside no fato de que nós seres humanos consumimos organismos aquáticos e há indícios científicos de que potencialmente estamos mais susceptíveis ao desenvolvimento da obesidade, infertilidade e até câncer ao ingerir os microplásticos na alimentação.

Considerando esse cenário preocupante, precisamos mais uma vez falar a respeito da nossa responsabilidade ao descartar esses materiais. As consequências pela atual falta de cuidado podem futuramente comprometer a nossa saúde e a qualidade de vida. As melhores formas de minimizar esses impactos ambientais, para aqueles que não trabalham em serviços de saúde são a preferência pelas máscaras de tecido, que podem ser reaproveitadas, e optar pela higienização das mãos ao uso de luvas, pois são mais adequadas àqueles que necessitam lidar diretamente com os acometidos pela COVID-19.

Augusto Lima da Silveira é coordenador do Curso Superior Tecnologia em Saneamento Ambiental na modalidade a distância do Centro Universitário Internacional Uninter e Doutorando em Ecologia e Conservação.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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