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Minha bisavó era feminista

MINHA BISAVÓ, PELAS HISTÓRIAS QUE OUVI, ERA FEMINISTA

Minha bisavó era feminista

“Minha bisavó, pelas histórias que ouvi, era feminista. Ela fugiu da casa do sujeito com quem não queria se casar e casou com o homem que escolheu. Ela resistiu, protestou, falou alto quando se viu privada de espaço e acesso por ser do sexo feminino.  Ela não conhecia a palavra feminista. Mas nem por isso não era uma. O melhor exemplo de feminista que conheço é meu irmão Kene, que também é um jovem bonito, legal, e muito másculo. A meu ver, feminista é o homem ou a mulher que diz: “Sim, existe um problema de gênero ainda hoje e temos que resolvê-lo, temos que melhorar.” Todos nós, mulheres e homens, temos que melhorar.” 

Por Chimamanda Ngozi Adiche /Via Marcelo Pires Mendonça, em Café com Marx

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CHIMAMANDA NGOZI ADICHE 

Chimamanda Ngozi Adichie – Escritora nigeriana (Abba, 15 de setembro de 1977).  Ela é reconhecida como uma das mais importantes jovens autoras anglófonas. Atrai uma nova geração de leitores de literatura africana.

Chimamanda nasceu na Nigéria, no estado de Anambra, mas cresceu na cidade universitária de Nsukka, no sudeste da Nigéria, onde se situa a Universidade da Nigéria. Seu pai era professor de Estatística na universidade, e sua mãe trabalhava como administradora no mesmo local.

Aos dezenove anos, mudou para os Estados Unidos da América.  Depois de estudar na Universidade de Drexel, na Filadélfia. Chimamanda se transferiu para a Universidade de Connecticut. Fez estudos de escrita criativa na Universidade Johns Hopkins de Baltimore e mestrado de estudos africanos na Universidade de Yale.

Seu primeiro romance, Purple Hibiscus (Hibisco roxo),  foi publicado em 2003. O segundo romance, Half of a Yellow Sun (Meio sol amarelo), foi assim chamado em homenagem à bandeira da Biafra, e trata de antes e durante a guerra da Biafra.  Foi publicado pela editora Knopf/Anchor em 2006 e ganhou o Orange Prize para ficção em 2007.

Adichie publicou uma coletânea de poemas em 1997 (Decisions) e uma peça (For Love of Biafra) em 1998 . Ela foi indicada em 2002 para o Prémio Caine com o conto “You in America”.

Em 2003, sua história “That Harmattan Morning” foi selecionada como vencedora conjunta do prêmio BBC Short Story Awards, e ela ganhou o prêmio O. Henry para “The American Embassy”. Ela também ganhou o David T. Wong Prêmio Internacional de Contos 2002/2003 (PEN Centro Award) e uma Beyond Margins Award por seu conto “A metade de um sol amarelo” de 2007.

Seu primeiro romance, Purple Hibiscus (2003), recebeu grande aclamação da crítica; foi indicado para o Orange Prize para Ficção (2004) e recebeu o Prêmio Commonwealth Writers como Melhor Primeiro Livro (2005).

Seu segundo romance, Half off a Yellow Sun, nomeado em homenagem a bandeira da nação de Biafra, se passa antes e durante a Guerra de Biafra. Foi premiado com o Orange Prize de 2007 para Ficção. Half off a Yellow Sun foi adaptado para um filme com o mesmo título, dirigido por Biyi Bandele, estrelado pelo indicado ao Oscar Chiwetel Ejiofor e por Thandie Newton, e foi lançado em 2014.

Seu terceiro livro, The Thing Around Your Neck (2009), é uma coleção de histórias curtas.

Em 2010, ela entrou na lista dos 20 autores de ficção mais influentes com menos de 40 anos.”Ceiling”, foi incluída na edição do The Best American Short Stories 2011.Em 2013 ela publicou seu terceiro romance, “Americanah” que foi selecionado pelo New York Times como um dos 10 Melhores Livros de 2013.

Em abril de 2014 ela foi nomeada como um dos 39 escritores mais importantes com idade inferior a 40 no projeto Festival Hay e Rainbow Book Club.

Adichie falou sobre  “O perigo das histórias únicas” em 2009. Em março de 2012, ela realizou a palestra “Conectando Culturas” no evento Commonwealth Lecture 2012 at the Guildhall, em Londres.

Adichie realizou ainda em 2012 uma palestra feminista intitulada, “Todos/as nós deveríamos ser feministas”. Seu discurso foi incorporado em 2013 na música “Flawless” da cantora americana Beyoncé, e ganhou com isso mais notoriedade.

Chimanda 4 RTP

WE SHOULD ALL BE FEMINISTS –  DEVEMOS SER TODOS/AS FEMINISTAS 

“We Should all be Feminists” é um discurso feito em 2012, por meio do qual compartilhou sua experiência de ser uma feminista africana, e sua visão sobre construção de gênero e sexualidade.

Eu estou com raiva. A construção de gênero do modo como funciona atualmente é uma grave injustiça. Todos nós deveríamos estar com raiva. Esse sentimento, a raiva, é importante historicamente para as transformações sociais positivas, mas além de estar com raiva eu também estou esperançosa porque eu acredito profundamente na habilidade dos humanos de se reinventarem e se tornarem melhores“.

Várias partes do discurso de Adichie foram usadas na música Flawless, de Beyoncé,  em Dezembro de 2013. Adichie comentou sobre isso em uma entrevista com a NPR.org. Ela acredita que é ótimo que os jovens comecem a falar de feminismo

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Fonte da Biografia de Chimamanga: Wikepedia.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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