Monja Coen: Lula é digno

Monja Cohen Roshi: “Lula é digno. Incomoda porque é honesto, correto e pensa em todos (…) Lula é um preso político, carismático, querido, amado, porque é bom (…) Ele não tem uma visão partida, mas de como vamos cuidar de todo esse (…) o melhor presidente que país já teve.” 

Por Redação RBA – redebrasilatual

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da recebeu no final da tarde do dia 30 de julho de 2018, a visita da monja budista Coen Roshi. Segundo ela, Lula tem meditado “e acredita numa coisa muito maior que o conduz”. A religiosa disse que sentiu “um pouco de alegria e um pouco de tristeza” pela visita. “Alegria de poder encontrar o presidente e falar com ele, e tristeza por ele estar nessa circunstância.”

A uma pergunta, em entrevista coletiva, sobre qual seu posicionamento político, ela afirmou: “Temos que nos posicionar no , e vivo num país onde se é obrigado a votar. É impossível um líder religioso dizer que não está envolvido em . A é política. Tem a política da nossa casa, a política da nossa casa comum, que é o Brasil, e dentro dessa maneira de pensar a realidade, eu concordo e apoio o pensamento do “.

Em sua opinião, Lula foi o melhor presidente que o país já teve. “Um líder carismático, querido, amado, porque é bom. Estive com ele agora. Os seus olhos são puros. Ele disse: ‘Eu tenho trabalhado em mim mesmo a ‘não raiva’.”

A monja reforçou a impressão de que não há provas para condenar o petista e disse concordar com a avaliação da militância de modo geral. “Ele é preso politico.” Assista:

A impressão que a religiosa teve do presidente que governou o país de 2003 a 2010 é que ele tem uma visão do país como um todo. “Não tem uma visão partida, nem de partidos separados, mas de como vamos cuidar de todo esse povo.”

Para Coen Roshi, o petista disse algo muito importante: “Se as pessoas soubessem como faz bem ser bom, ninguém seria mau”. Para ela, “ele é um homem digno, não fez nada errado, mas incomoda”. “Porque ele tem o poder de ser honesto, correto, e pensar em todos nós. Ele tem um coração que a gente diria que é o coração Buda. É de uma ternura, de um amor, de uma inteligência e de uma sensibilidade! Se interessa pelas pessoas, se interessa pela vida. Está lendo muito, estudando muito.”

De acordo com ela, apesar de todos os imensos problemas do Brasil atuais, o ex-presidente voltou a manifestar crença no país e disse que não pensava que fosse ficar tanto preso. “Pensei que ia ficar só uma semana aqui, mas o tempo está passando”, afirmou Lula. “Não sinto raiva nem rancor por ninguém. Às vezes as pessoas vêm falar comigo e eu tenho que acalmá-las. Eu digo: não entre nesse tipo de pensamento porque isso não é benéfico”, acrescentou ele. “Podemos transformar a realidade e construir uma realidade juntos e não se digladiando, se odiando, um grupo tentando destruir o outro. Parem de brigar e xingar uns aos outros”, pediu Lula, segundo o relato.

A religiosa contou um aspecto que considerou interessante durante sua visita. “Quando fica sozinha, a gente é capaz de ouvir todos os sons. Ele disse que é incrível como existem ‘sons aqui que eu nunca eu perceberia se não estivesse só’.”

Fonte: Matéria publicada em 30/07/2018 pela RBA, ainda atual e necessária: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/07/concordo-e-apoio-o-pensamento-do-presidente-lula-diz-monja-budista

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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