Natex - Preservativos com latéx nativo

NATEX: A CAMISINHA DA FLORESTA

Natex: A Revolução Verde da Preservação e Saúde em Xapuri

Localizada em Xapuri, no Acre, a Natex se destaca como a única fábrica no que produz preservativos masculinos a partir de látex nativo. Situada no coração da , essa iniciativa inovadora gera empregos e renda, enquanto promove a preservação ambiental e a saúde pública.

Este artigo explora como a Natex está transformando a de milhares de pessoas e contribui significativamente para a sustentabilidade da região.

Por Zezé Weiss

O Projeto Natex: Da Ideia à Realidade

A Natex nasceu do sonho do líder sindicalista e ambientalista Chico Mendes, que na década de 1980 defendeu a criação de uma fábrica de preservativos como forma de gerar renda para as famílias que vivem na .

Hoje, esse sonho se concretizou em um realizado pelo governo do Acre em parceria com o Programa Nacional de Prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/AIDS) do Ministério da Saúde e as comunidades extrativistas da região.

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Tecnologia e Sustentabilidade na Produção de Preservativos

A Natex adota uma abordagem inovadora ao utilizar látex de seringais nativos para a produção de preservativos masculinos. O látex extraído das seringueiras da região é conhecido por sua superior em comparação com o látex cultivado.

Essa característica não só melhora a qualidade do produto, mas também assegura a longevidade dos preservativos, beneficiando diretamente a saúde pública.

A fábrica está instalada na cidade de Xapuri, um local estratégico para a utilização do látex nativo. Sob a coordenação da Fundação de do do Acre (Funtac), a Natex possui a capacidade de produzir cerca de 200 milhões de camisinhas por ano, contribuindo significativamente para os programas de combate às DSTs no Brasil.

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Impacto Social e Econômico na Região

A Natex tem um impacto profundo na vida das comunidades locais. Com cerca de 700 famílias da Reserva Chico Mendes cadastradas para fornecer látex, a fábrica gera aproximadamente 200 empregos, com 97% das vagas destinadas a seringueiros e membros da comunidade local.

O salário médio de R$ 1,5 mil mensais proporciona uma melhora substancial na qualidade de vida dessas famílias, apoiando diretamente o econômico da região.

Além disso, a fábrica facilita a coleta do látex por meio de 16 pontos de coleta, dos quais 14 estão localizados dentro da reserva. Esse sistema reduz o deslocamento dos produtores e otimiza o processo de coleta e venda do látex, promovendo eficiência e sustentabilidade.

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Qualidade e Expansão da Produção

A Funtac, responsável pela Natex, desenvolveu uma tecnologia avançada para adaptar o látex nativo à produção de preservativos. O material é submetido a rigorosos testes de qualidade, garantindo que o produto final seja altamente resistente e seguro. Os preservativos produzidos são distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, ampliando o acesso a métodos de prevenção.

Atualmente, a Natex está se preparando para expandir sua produção. Segundo o deputado federal acreano Raimundo Angelim, o governo do Acre, sob a liderança do governador Tião Viana, e o Ministério da Saúde estão finalizando um convênio que permitirá a duplicação da produção da Natex. Com essa expansão, a fábrica passará a atender cerca de 40% da demanda nacional de preservativos, que é de aproximadamente 500 milhões de unidades por ano.

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O Futuro da Natex: Novas Perspectivas e Inovações

Além da produção de preservativos, a Natex está explorando novas oportunidades para diversificar sua produção. A fábrica está planejando a fabricação de luvas cirúrgicas, o que não só aumentará a geração de empregos, mas também atenderá a outras demandas do setor de saúde. Essa diversificação reflete o compromisso contínuo da Natex com a inovação e o desenvolvimento sustentável.

A Natex é um exemplo brilhante de como a integração entre tecnologia, sustentabilidade e responsabilidade social pode criar soluções inovadoras que beneficiam tanto o meio ambiente quanto a saúde pública.

Localizada no coração da Amazônia, a fábrica não apenas gera empregos e renda para as comunidades locais, mas também promove a preservação da floresta e contribui para a saúde sexual de milhares de brasileiros. Com planos de expansão e diversificação, a Natex continua a ser um modelo de sucesso na aplicação de práticas sustentáveis e na promoção do social e ambiental.

Fotos: agencia.ac

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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