Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
ninguém solta

Ninguém solta a mão de ninguém!

Ninguém solta a mão de ninguém!

Por: Zezé Weiss

O carro alegórico que fechou o desfile da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti trazia estampada a clássica imagem de duas mãos segurando uma flor, envoltas pela frase “Ninguém Solta a Mão de Ninguém.”

Essa mesma frase encerrou a carta lida pela atriz Lucélia Santos no encerramento do encontro “Chico Mendes 30 Anos” em Xapuri, no Acre, em 17 de dezembro de 2018.

Com o uso frequente desse bordão de resistência, muita gente passou a se perguntar sobre sua origem. A resposta veio de um post do jornalista Luís Nassif em suas redes sociais.

 

Segundo Nassif, durante os tempos da ditadura militar (1964-1985), nos barracos improvisados onde funcionava o curso de Ciências Sociais da USP, vez por outra as luzes eram repentinamente apagadas e os estudantes, em pânico, gritavam no escuro: “Ninguém solta a mão de ninguém!”.

Esse era o mecanismo de defesa para tentar se defender dos algozes da ditadura. Nassif conta também que depois da busca no escuro, os estudantes costumavam fazer uma chamada para se assegurar que todos estavam salvos. Infelizmente, sempre faltava alguém, que por vezes nunca mais aparecia.

Já o desenho que viralizou depois das eleições de 2018 foi criado pela artista plástica mineira e tatuadora Thereza Nardelli, de 30 anos. A frase, segundo Thereza, era repetida por sua mãe, como uma espécie de mantra, nos momentos difíceis da vida.

Thereza explica ainda que o desenho foi feito com intenção de representar conforto. “Ele mostra que nós não estamos sós. Que tem gente por perto, que ninguém está sozinho, e que a gente pode contar um com o outro.”


Salve! Pra você que chegou até aqui, nossa gratidão! Agradecemos especialmente porque sua parceria fortalece  este nosso veículo de comunicação independente, dedicado a garantir um espaço de Resistência pra quem não tem  vez nem voz neste nosso injusto mundo de diferenças e desigualdades. Você pode apoiar nosso trabalho comprando um produto na nossa Loja Xapuri  ou fazendo uma doação de qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Contamos com você! P.S. Segue nosso WhatsApp61 9 99611193, caso você queira falar conosco a qualquer hora, a qualquer dia. GRATIDÃO!

[smartslider3 slider=”16″]
[smartslider3 slider=”20″]

<

p class=”western”> 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA