No tempo da peste

No da peste

Um personagem que é nome de rua em Fortaleza, Senador Alencar, foi um dos maiores críticos de Rodolfo Teófilo, a quem chamava de bruxo.

Farmacêutico e à frente de seu tempo, empreendeu, sem apoio governamental, uma campanha de vacinação da população cearense contra a epidemia da varíola que se alastrava.

Na linguagem popular, era a “peste”, e para a elite da época (final do século 19) aquilo só dava em gente pobre. E pobre de quem pegasse, pois morria a míngua sem ajuda oficial.

O baiano Rodolfo reagiu sozinho à letalidade da varíola e fabricou uma vacina em seu precário mas eficiente laboratório improvisado.

Em um só dia, mil pessoas morreram da peste em Fortaleza. Os corpos estão enterrados ao redor da Igreja do Rosário, no Centro.

Montado em um cavalo, Rodolfo saía todo os dias para vacinar o . Que se recusava, ele convencia na palavra. E quem nem assim topava, ele pagava do próprio bolso para aceitar a imunização.

Por causa disso, foi perseguido durante o governo de Nogueira Acioly (1896-1912) do qual era opositor. Para o governador, Rofolfo desmoralizava a autoridade pública, “e por certo queria se promover às custas de uma farsa para tomar o poder no Ceará.”

Aliado de Acioly e tão incentivo quanto ele ao sofrimento do povo, o Senador Alencar era implacável com Rodolfo, a quem acusava de bruxo, e de envenenar a população.

Até que um dia, a filha dele contraiu a peste, e foi desenganada pelos médicos. Só havia uma saída, o “veneno” de Rodolfo.

O Senador Alencar suplicou então pela salvação de sua filha, e Rodolfo Teófilo não levou em conta as calúnias, ofensas e ataques que sofria, foi lá, vacinou e salvou a garota.

A partir deste dia a elite compreendeu que a peste podia matar qualquer um, e então a varíola foi vencida pela sensatez.

Nota da Redação: copiado dos grupos de zap, não sendo verificar sua autenticidade. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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