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COMUNIDADES DO NORDESTE PROPÕE 100 MEDIDAS PARA REDUZIR IMPACTOS DE EÓLICAS NA REGIÃO

PLANO NORDESTE POTÊNCIA AVALIA IMPACTOS DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

https://xapuri.info/propostas-de-golpes-legislativos/Documento do Plano Nordeste Potência reúne os impactos da transição energética no cotidiano das populações afetadas na região e aponta soluções

“A necessidade de realizar a transição energética global é inquestionável (…). No entanto, se for somente energética, esta transição dificilmente tornará a vida melhor.” É o que diz o documento Salvaguardas Socioambientais para Energia Renovável, lançado nesta quarta-feira (31) por 30 instituições em conjunto, majoritariamente compostas por comunidades afetadas pela geração de energia eólica na região. 

Por Júlia Mendes/O Eco

PLANO NORDESTE POTÊNCIA AVALIA IMPACTOS DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Folha Press

Apesar do empenho na geração de energia limpa, o documento aponta que os empreendimentos responsáveis por essa transição têm impactado tanto a quanto às vidas das populações locais e, por isso, as comunidades afetadas pela energia eólica apresentaram os principais problemas da atividade – sociais e ambientais – e possíveis soluções a serem adotadas de forma preventiva para mitigar danos e impactos futuros. 

Visão e experiência comunitária

Coordenadora do Plano Potência, instituição que deu apoio à formulação do documento, Cristina Amorim enfatiza que uma das principais contribuições do escrito é trazer a visão e as experiências das  pessoas que sofrem diretamente com a geração de energia, e não do setor privado ou do governo.

Além disso, é uma forma de mostrar,  a partir da população, que é possível promover alternativas para a melhoria do processo.  

“O sempre fez um energético em cima de gigabytes e não em cima de pessoas ou de impactos, dando um olhar mais sinérgico em torno do território. O que esse grupo propõe é justamente olhar a partir do território. Como é possível conciliar as diferentes culturas, interesses e toda a pluralidade da em torno do próprio planejamento energético brasileiro”, completa Cristina

Salvaguardas

O documento indica que as salvaguardas não são direcionadas a somente uma instituição ou setor. Ao mesmo que  as propostas podem ser viabilizadas a partir da legislação, regulamentações ou instruções normativas, também podem ser implantadas voluntariamente por empresas ou exigidas por agentes financiadores de forma a garantir para todas as pessoas envolvidas.

“O Brasil tem condições de dar uma imensa contribuição para a descarbonização mundial. Mas isso não pode ser feito às custas de povos e de populações historicamente exploradas, marginalizadas e vulnerabilizadas”, traz o documento (acesse aqui para baixar).

Fonte: O Eco. Foto de capa:  Alberto Coutinho/Secom-BA.

PLANO NORDESTE POTÊNCIA AVALIA IMPACTOS DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Foto: Divulgação/MME

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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