Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Nós, Mulheres, Voltamos

Nós, , Voltamos

Por Cida Gonçalves

“Seu comando será como de uma capitã, nos guiando contra o machismo e a misoginia.”                Janja Lula

Pela primeira vez, teremos uma área no governo dedicada às mulheres com a nomenclatura de Ministério (…) Agradeço às mulheres, que são 52% neste país, e que foram as grandes responsáveis pela eleição do presidente Luiz Inácio Lula da e por encerrar um governo machista, patriarcal, misógino, racista e homofóbico (…).

No governo anterior, passou a ser chamado de Ministério da , da Família e dos . Foi uma usurpação, pois não cuidou das mulheres, das famílias nem dos direitos humanos. Muito pelo contrário. A destruição dos direitos das mulheres no último governo não foi um acaso, mas um . Um projeto político de invisibilização e sujeição da mulher (…).

As mulheres são a maioria da população brasileira e do eleitorado, no entanto, ainda estão sub-representadas nos espaços de poder. A Câmara, apesar do maior número de deputadas eleitas neste pleito, tem somente 17,7% de mulheres.

No Senado, as mulheres também são cerca de 17%. A violência de gênero interdita o avanço das mulheres na ocupação desses espaços, e a desigualdade não se limita aos cargos eletivos. Entre os servidores públicos ativos, as mulheres são cerca de 40%, mas, nos cargos de direção e chefia (DAS 5 e 6), não chegam a 26%.

A família, no singular, apaga a brasileira e a centralidade da mulher enquanto foco da elaboração e implementação das políticas. Há famílias, plurais e no plural. Este é um ministério que as reconhece e acolhe (…).

Este será o Ministério de todas as mulheres. As que votaram e as que não votaram conosco. E das diversas mulheres que compõem a nossa . Negras, brancas, indígenas, , as do campo, da cidade e das águas. Será um Ministério de todas, e com um norte muito definido. Faremos a defesa radical da garantia dos direitos das mulheres.

cida gonccca7alves ministerio da mulher divulgaccca7acc83o

Cida Gonçalves – Publicitária, feminista, consultora em de gênero, Ministra das Mulheres. Excertos do seu discurso  na cerimônia de posse como Ministra de Estado, em 3 de janeiro de 2023,  editado por limitações de espaço. Confira o texto na íntegra em: https://www.gov.br/

 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

posts relacionados

REVISTA

[instagram-feed]