O amanhecer de um manto e nenhum pranto

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O amanhecer de um manto e nenhum pranto
 
Por Eliane Potiguara
 
“Todos os dias ela costurava ponto a ponto um grande manto. Aí lembrou-se do dia em que sua mãe perdeu as águas e quando ela mesma deu o primeiro choro. Seu rosto enrugado como se fora uma velha e a pele emaranhada marcaram seu primeiro contato com o espaço e seus pulmões experimentaram o ar fabuloso da vida. Lembrou- se do caminho estreito que passou estrangulando–se na vagina materna, o adorável berço. Lembrou-se da doçura da parteira que lhe tomou aos braços. Nascia uma mulher que sabia o que queria. Seu semblante nunca foi triste, apenas concentrado em seu rumo. Seus cabelos embranqueceram, mas pelas nuvens leitosas que lhe penetraram a alma. Suas mãos firmes seguravam a tocha do amor. Seu ar que entrava e saía pelas narinas esquentavam pulmões do mundo. Seus ossos encandeciam na fortaleza da existência. Suas tranças construíam degraus para uma alma alegre, feliz e de uma beleza ímpar. Sua voz era um instrumento de força interior da divindade lunar. E seu manto? Elevado em formas e cores, cobria o amor sublime de sua vida apaixonada por seu eterno guerreiro.”
Texto: Eliane Potiguara / copyright Eliane Potiguara
@elianepotiguara (instagran)
Trecho do livro contos, histórias de amor e citações.
22/09/2021.

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ELIANE POTIGUARA 

É escritora, professora, formada em Letras (Português-Literaturas) e Educação, 57 anos, é auto- didata em Direitos Indígenas, brasileira de remanescência indígena Potyguara, fundadora da primeira organização de mulheres indígenas no país(GRUMIN/Grupo Mulher-Educação Indígena) e co-partícipe política da criação e evolução do Movimento Indígena brasileiro.

Foi eleita uma das 10 mulheres do ano de 1988 no Brasil, participou de uma década da elaboração da Declaração Universal dos Direitos Indígenas na ONU em Genebra, recebeu o título de Cidadã Internacional pela Comunidade Bah’ai.É membro da REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras).

É Fellow da Ashoka e como escritora foi premiada pelo Pen Club da Inglaterra pelo seu livro “A Terra é a Mãe de Índio”. Participou de vários fóruns de discussão a nível nacional e internacional.Foi nomeada Cônsul de Poetas y Escritores Del Mundo,Chile.

Publicou  METADE CARA, METADE MÁSCARA, pela Global Editora.


Atualmente coordena o Projeto Grumin/Rede de Comunicação Indígena e a Rede de Mulheres Indígenas GRUMIN. É diretora do Inbrapi(Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual). É presidente e fundadora da REDE GRUMIN DE MULHERES INDÍGENAS.

Visite o site:
http://www.elianepotiguara.org.br (SITE OFICIAL DA ESCRITORA)
Veja ainda: www.grumin.org.br

E-MAIL: elianepotiguarauol.com.br
grumingrumin.org.br
 
Fonte: rebra
Capa: Pressenza