O jaimês que fica em nós

Atualizada:

O jaimês que fica em nós

Jaime Sautchuk, nosso editor e mestre, nos deixou no dia 14 de julho.  

Por Zezé Weiss

Esta nossa edição 82 da Revista Xapuri, de agosto de 2021, é toda dedicada à memória de Jaime. São depoimentos da família, de amigos e amigas, companheiros, companheiras, camaradas.  Um jeito nosso de registrar o muito que fica de Jaime em nós e em todo mundo que teve o privilégio de conviver com ele.

Durante quase sete anos, nossa companheira Lúcia Resende revisou os textos de Jaime. Para a revista, à moda de homenagem, Lúcia juntou as principais expressões dele, que acabamos por adotar como fala própria da nossa equipe aqui na Xapuri: 

Bão demais da conta, bão tamém, bem na foto, bora lá, boto a mó fé, boto fé, carca porva, c´ocê,

de modo que, foi pras cucuia, iguar que nem, inté, ixe, jazim, lindura, maismenin, meno male, mió de bão,

mó barato, nos conforme, nos finarmente, no grau, nóis teima, nos trinque,

O mais das veiz, ops, proceis, pros, pruns, salve, supimpa, tá que tá, tão bão, tracoisa, té parece,

tocaí (a matéria, a revisão), trodia, tudireitim, um cadim, vô garrá, xá comigo; e,

a mió das mió: pois, pois…

Fica em nós esse jaimês lindo e sem fim…

Gratidão, Jaime!

Zezé Weiss – Editora

Jaime Sautchuk – Editor (in memoriam)


Salve! Taí a Revista Xapuri, edição 82, em homenagem ao Jaime Sautchuk, prontinha pra você! Gostando, por favor curta, comente, compartilhe. Boa leitura !

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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