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O racismo no lugar do respeito

O racismo no lugar do respeito

O no lugar do respeito: Candidato denuncia questão racista em concurso de Morrinhos

Uma vez mais, o racismo no lugar do espeito. Em Morrinhos, no interior de , um concurso público da Prefeitura Municipal para o preenchimento de cerca de 200 vagas associa texto bíblico a alternativas racistas. Felizmente, Hélio de Araújo Júnior,  um dos concorrentes teve a coragem de denunciar a questão racista à Polícia Civil, que apura o caso.
Questão de concurso público em Morrinhos associa texto bíblico a alternativas racistas
 
Uma questão da prova um concurso público da Prefeitura de Morrinhos, na região sul de Goiás, causou polêmica ao associar a interpretação de um texto bíblico com expressões de cunho racista. As quatro alternativas de respostas à pergunta traziam frases como “negro deitado é um porco, de pé é um toco” ou ainda “negro parado é suspeito, correndo é ladrão, voando é urubu”. A Polícia Civil apura se houve crime de racismo.
A prova foi aplicada no último dia 15, em Morrinhos. Ela trouxe, na categoria de conhecimentos gerais, um texto com o título “Qual a origem do racismo?”. O material afirma que, no século XV, teólogos europeus chegaram à conclusão de que escravizar africanos era natural.
 
CANDIDATO CORAGEMHélio de Araújo Júnior, técnico em do e músico profissional,  é um dos mais de 3 mil candidatos que fizeram a prova e conta que ficou constrangido e se sentiu (com toda razão) ofendido ao responder à questão.Hélio Ele fez o concurso para o cargo de fiscal de posturas, e procurou uma delegacia para que o caso fosse investigado.
 
“Foi uma coisa muito discriminatória. Algumas pessoas riram, fazendo chacota na hora que viram a questão, outros tomaram dores e faziam sinais negativos de que a aquela pergunta era inadequada. Me senti humilhado por ser o único negro em sala, algumas pessoas olhavam para mim quando chegavam na questão rindo ou abaixavam a cabeça desaprovando aquilo.
 
Falei com a fiscal de sala, ela não podia se manifestar mas acabou indo até a frente e falou que nos dias de hoje as pessoas lutam pelos e uma pergunta dessas foi no mínimo indiscreta e fora de contexto,” disse Hélio em vários depoimentos.Hélio tamém informa que  que abriu um processo contra a empresa e contra a Prefeitura de Morrinhos.
 
“Foi muito difícil denunciar, você chega num órgão público e as pessoas acham isso normal. Ministério Público da minha cidade me disse que não viu crime algum nisso”, disse.Procurada, a Prefeitura do município afirmou que a responsabilidade total da elaboração da prova é da Consulpam e que por este motivo não irá emitir nota oficial sobre o assunto. A empresa em questão ainda se pronunciou a respeito do caso.
O racismo no lugar do respeitoHélio de Araújo Júnior registrou um boletim de ocorrência, em Mineiros (Foto: TV Anhanguera/Reprodução)
 
Segundo a prova, o embasamento para isso estava em uma passagem bíblica do de Gênesis, em que Canaã, filho de Noé, se embriaga e é condenado à escravidão. Com base neste texto, uma questão perguntou qual seria o provérbio racista que representava a ideia do trecho da Bíblia.
 
O representante da empresa responsável pelo concurso e coordenador, Apolônio Nunes de Oliveira, disse que a questão não teve intuito de ser ofensiva, mas sim de provocar uma discussão sobre o tema.
 
“A ideia que a banca teve ao colocar esta questão foi de que isto chamava a discussão do preconceito, da origem do preconceito. Eu quero defender com toda nossa garra, com toda nossa força, que jamais teve o intuito de ofender ninguém”, disse.
 
De acordo com o delegado Fabiano Jacomelis, tanto os responsáveis pela prova quanto da prefeitura serão intimados para prestar esclarecimento. “A pessoa pode ser inserida na lei de racismo e responder pelas penas existentes na legislação”, alertou.
 
A Prefeitura de Morrinhos disse que cobrou da empresa responsável pelo concurso explicações sobre a prova, e que ainda não foi notificada pela Polícia Civil para prestar esclarecimentos.
 
 

MORRINHOSMorrinhos é um município brasileiro do interior do de Goiás, Região Centro-Oeste do país. Sua população, estimada em 2017 pelo Instituto Brasileiro de e Estatística, era de 45 382 habitantes. Dados da Wikipédia:

O racismo no lugar do respeito
 
Área2.846 km²
Tempo29 °C, NE a 13 km/h, umidade de 39%
Hotéis3 por uma média de R$ 264. Ver hotéis
Hora localquinta-feira, 17:07
População45 382 hab. (GO: 27º) – IBGE/2017
 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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