O SEGUNDO HOLOCAUSTO: LULA ESTAVA CERTO

O SEGUNDO HOLOCAUSTO: LULA ESTAVA CERTO

O segundo holocausto: Lula estava certo

No dia 18 de feveriero deste ano o presidente Lula recebeu críticas extensas ao comparar o pleito dos Palestino, após os ataques incessantes do Israel na faixa de Gaza, com o holocausto. 

Por Eduardo Pereira

A cada dia que passa, fica cada vez mais nítido que não se tratava de exagero linguístico ou uma comparação insensível. 

O Lula estava certo.

Entre os anos 1941 e 1945 o governo nazista da Alemanha, comandada pelo Adolf Hitler, traçou e executou planos para colocar em prática uma “solução final” para exterminar sua população judaica. O resultado foi o massacre de 6 milhões de judeus. Desta forma, em poucos anos foram eliminadas em torno de 6.66% da população total da Alemanha na época. 

Hoje, quase cem anos depois, o estado etnocêntrico judeu caminha nos mesmos passos do tirano alemão ao sistematicamente alvejar a população palestina residente na faixa de Gaza, principalmente na área norte. E para ficar claro que a comparação com o holocausto da segunda guerra mundial não é leviano, vamos aos números.

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Palestinos fugindo do norte de Gaza. 21 de março, 2024. REUTERS/Ramadan Abed

Em apenas um ano de conflito, estima-se que mais de 43 mil palestinos perderam suas vidas em Gaza devido às ataques bélicos do exéricito Israelense. Em apenas um ano foi dizimado em torno de 2% da população total da faixa de Gaza (e ainda muitos dirão que este número é conservador). Agora, imagina se o ritmo continuar o mesmo, com uma redução de 2% da população por mais o mesmo tempo da duração do holocausto na Alemanha.

Desta forma, poderá se prever a morte 10% da população inteira de Gaza, usando como base os 2.2 milhões registrados antes do 7 de outubro, 2023.

Mas o ritmo não parece que está se mantendo o mesmo. Há indícios que o governo Israelense está perdendo paciência e está acelerando a execução dos seus planos genocidas, principalmente na parte norte da Faixa de Gaza.

É possível concluir que os passos do governo fascista e sionazista do Netanyahu só estão sendo limitados pelos avanços tecnológicos nos meios de comunicação. Diferente do contexto encontrado na década de 40 do século passado, hoje em dia qualquer pessoa equipada de um smartphone poderá registrar as cenas de massacre e devastação, produzindo registros históricos importantíssimos. As redes sociais permitem a disseminação e repercussão quase instantânea dos registros e assim é cada mais difícil executar um plano de genocídio em larga escala a ainda conseguir se posicionar como vítima diante da comunidade internacional.

Difícil, mas não impossível.

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Foto: Naaman Omar.

E parece que o governo israelense está realmente perdendo a paciência. Nestes últimos dias, as forças do IDF parecem ter acabado com suas restrições numa tentativa de perpetuar seus status auto-denominada de “exército mais moral do mundo”.  Na parte norte da faixa de Gaza, estão demolindo casas com famílias dentro numa proporção até mais acelerada e devastadora do que antes. Segundo relatos locais, estão reunindo a população masculina da região, colocando os homens em fileiras para subsequentemente serem enviados a que muitos presumem ser seu “destino final”.

Segundo postagem da Bisan Owda, comunicadora Palestina, moradora da faixa de Gaza, e ganhadora do prêmio Emmy para trabalhos jornalísticos, “a fila que você ver agora nesta foto tirada há uma hora atrás em Jabalia / Norte de Gaza é uma fila de morte. O exército terrorista Israelense separa as mulheres dos homens (homens e crianças masculinas as vezes)… Eles ordenam as mulheres a irem embora e levam os homens para um lugar distante, com suas mãos amarradas e vendados e muitas vezes são colocados num buraco profundo… e todos nós sabemos o que acontece depois.”

Ela continua: “Ou são enterrados vivos, como aconteceu no norte e em Khan Yunis durante a primeira invasão, ou são executados com eles no chão, ou são levados reféns, como aconteceu para 10.000 que em seguida sofreram tortura, assasinato, roubo de órgãos e estupro.”

O SEGUNDO HOLOCAUSTO: LULA ESTAVA CERTO

Pergunto para o caro leitor. O Lula estava errado? A comparação com o holocausto nazista é injusta?

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5000 mulheres e crianças separados da população masculina na norte de Gaza, aguardando ordens do exército israelense. Fonte: @wizard_bisan1

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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