ODOYÁ YEMANJÁ: SENHORA DAS ÁGUAS, RAINHA DO MAR

ODOYÁ YEMANJÁ: SENHORA DAS ÁGUAS, RAINHA DO MAR 

ODOYÁ YEMANJÁ: SENHORA DAS ÁGUAS, RAINHA DO MAR 

Odoyá Yemanjá: Senhora das Águas, Rainha do Mar. A bela mulher surgida das águas como, na Grécia antiga, o mito de Afrodite. Muitas são as devotas e os devotos, onde eu me incluo! 

Por Romulo Andrade 

ODOYÁ YEMANJÁ: SENHORA DAS ÁGUAS, RAINHA DO MAR 
Ilustração: Romulo Andrade

São muitas as representações no imaginário coletivo. As atuais, poderosas e muito lindas, vêm afirmando suas origens, se voltando pra sua ancestralidade. 

Dorival Caymmi foi o primeiro a cantá-la entre nós e a nos encantar com a alma de sua poesia e suas canções praieiras, evocando o mistério do Mar. O mestre desde então fez escola. 

Jorge Amado, Carybé, Pierre Verger, Djanira, Mateus Aleluia/ Tinkoãs, Moacir Santos, Edu Lobo, Clementina, João Gilberto, Jobim e Vinícius, Baden Powell, Dori e Nana Caymmi, Clara Nunes, Paulo Cesar Pinheiro, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano, Maria Bethânia, Gal e toda a geração tropicalista. Nelson Mota, Cravo Neto, Marisa Monte, Keilah Diniz, Margareth Menezes, Mariene Castro, Zeca Baleiro, Ceumar, Luedji Luna, Alessandra Leão… ê devoção bonita! 

E não precisa ser do Candomblé ou da Umbanda pra reconhecer esse aspecto marcante da alma brasileira. Penso que é um bem-vindo sinal da nova Era! 

Os defensores da sociedade patriarcal podem espernear …, mas afinal chegamos na emergência ‘dos valores’ do Sagrado feminino: amorosidade, respeito pela diversidade de pensamento, tolerância religiosa, gentileza, acolhimento, espiritualidade, fraternidade, poesia, amor à Arte, à Harmonia e à Beleza!

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p style=”text-align: justify;”>Romulo Andrade – Professor, artista plástico e poeta dedicado às artes, à ecologia e ao Cerrado. Publica seus escritos e artes na página Nação Cerratense, no Facebook. Capa: Pico Garcez

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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