Estudo mostrou que capitalização aumentou a desigualdade de gênero e de renda e beneficiou sistema financeiro
Por: cartacapital
A pesquisa, que durou pouco mais de 3 anos, analisou trinta países que, de 1981 a 2014, privatizaram total ou parcialmente seus sistemas de previdência. Até 2018, dezoito desses países reverteram essa decisão, pois o resultado não foi positivo.
O estudo mostrou que sistemas como esse aumentaram a desigualdade de gênero e de renda, que os custos de transição criaram pressões fiscais enormes, os custos administrativos são altos, os rendimentos e os valores das aposentadorias são baixos e quem se beneficiou com as poupanças dos trabalhadores e trabalhadoras foi o sistema financeiro, entre outros problemas.
A PEC da Reforma da Previdência, proposta pelo presidente Jair Bolsonaro e que aguarda votação do Congresso Nacional, trouxe alguns detalhes sobre o modelo de capitalização. Nele, cada trabalhador fica responsável por poupar para a própria velhice, ao contrário do modelo atual, que prevê um acordo entre gerações – os trabalhadores ativos financiam a aposentadoria dos inativos.
O estudo concluiu que, ao invés do que dizem os defensores da proposta, a taxa de adesão da previdência privada diminui, ao invés de aumentar. Quem acredita que esse seja o melhor modelo a ser colocado em prática argumenta que contas individuais obrigatórias teriam maior rentabilidade, por isso aumentaria a procura. Mas não foi o que aconteceu. Na Argentina, por exemplo, houve uma diminuição de mais de 20%.
Desigualdade de gênero
Um ponto bastante relevante do estudo é que nos países onde o modelo foi colocado em prática, houve um aumento da desigualdade de gênero e de renda. Isso porque uma mulher que interrompe seu trabalho por gravidez, por exemplo, fica sem contribuir e lá na frente seu saldo será menor que de um homem.
“Na Bolívia, por exemplo, a proporção de mulheres idosas que recebem uma aposentadoria caiu de 23,7 por cento em 1995 para 12,8 por cento em 2007; na Polônia, a proporção das
mulheres em risco de pobreza atingiu um recorde histórico de 22,5 por cento em 2014”, afirma o estudo.
Setor financeiro é o grande vencedor
As experiências de privatização nos países em desenvolvimento mostram que o setor financeiro, os administradores privados e as empresas comerciais de seguros de vida são quem mais se beneficia da poupança previdenciária das pessoas – muitas vezes são os grupos financeiros internacionais que detêm a maioria dos fundos investidos.
Para os técnicos da OIT, o que melhora a sustentabilidade financeira dos sistemas de previdência e o nível de prestações garantidas, permitindo às pessoas usufruir de uma melhor vida na aposentadoria, não é acabar, e sim reforçar, o seguro social público, associado a regimes solidários não contributivos, conforme recomendado pelas normas da entidade.
Salve! Pra você que chegou até aqui, nossa gratidão! Agradecemos especialmente porque sua parceria fortalece este nosso veículo de comunicação independente, dedicado a garantir um espaço de Resistência pra quem não tem vez nem voz neste nosso injusto mundo de diferenças e desigualdades. Você pode apoiar nosso trabalho comprando um produto na nossa Loja Xapuri ou fazendo uma doação de qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Contamos com você! P.S. Segue nosso WhatsApp: 61 9 99611193, caso você queira falar conosco a qualquer hora, a qualquer dia. GRATIDÃO!
[smartslider3 slider=”17″] |
[smartslider3 slider=”20″]
|