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Olímpio Gonçalves Mendes: Ícone Da Educação

Olímpio Gonçalves Mendes: Ícone Da

Vanílson Reis

 

Tu te foste assim

Como um passarinho

De asas quebradas,

À moda Gibran Khalil Gibran.

Tu levaste o hipocampo

Adquirido pelos anos

De lutas incansáveis

Pela classe oprimida

De milhões de brasileiros.

Foste embriagado

Dos desejos alcançados

Como exímio professor

De tantos conteúdos,

Tu te foste assim,

Meu indelével amigo!

Por caminhos íngremes,

Ao atravessar montanhas,

Vales verdes e florestas,

Tu encontraste o agreste

Em muitas divergências

Com donos da verdade

Aqui na Terra,

Mas tu voaste feito a águia

No céu dos homens

De pura vaidade,

Para que sobrevivessem

Suas ideias entre eles.

Tu conheceste o ápice

Da razão e da emoção

No exílio do

E do México.

E até mesmo no funil

Da paciência,

Dentro do coração,

Tu foste tachado de comunista,

Mas simplesmente

Pregavas a igualdade a todos.

Em terras de cristãos,

Tu tomaste a última cerveja

Gelada na frieza da alma,

Entre quatro paredes

Em sua querida.

Nos braços dos anjos,

Sustentado pela boemia

Vivida à luz da lua de setembro,

Tu pegaste o Trem Sereno

E dispensaste Adoniran Barbosa

Que partiria às onze horas.

Mas tu te foste ainda cedo,

Para cumprir o protocolo

De morte dos intelectuais

Que morrem serenamente.

Tu deixaste a força

Dos sindicalistas

Órfã de um Hércules

Da Educação,

Tu brigaste incessantemente

Pela classe trabalhadora

Sem fuzil e sem espada blindada,

Mas tu agora penduraste

Nos cabides da existência

A saudade e o amor

Que espalhaste nas filas

Onde se alistavam os soldados

Convocados para as lutas

Pelas conquistas trabalhistas.

Olímpio, serás eterno,

Como o ícone da educação

Do Distrito Federal!

Vanílson Alves dos Reis – Poeta. Professor. ao grande educador Olímpio Gonçalves Mendes, falecido em 7 de setembro de 2020.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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