ONG lança guia voltado à educação de crianças do interior da Amazônia

ONG lança guia voltado à de do interior da Amazônia

Publicação, distribuída em parceria com secretaria de Educação do Amazonas, apresenta brincadeiras com foco na que auxiliam no dos jovens.

Por Gabriel Tussini/ O Eco

A ONG Fundação Amazônia Sustentável (FAS) lançou, em parceria com a Secretaria de Educação do Amazonas (SEDUC-AM), o “Caderno de Boas Práticas Pedagógicas de Leitura: Educação para Sustentabilidade”, guia voltado para o desenvolvimento de crianças e adolescentes do interior da Amazônia. A publicação reúne brincadeiras com foco na sustentabilidade, e foi criada por profissionais de escolas ribeirinhas do Amazonas, exatamente o seu público-alvo. Ela será distribuída em escolas localizadas em no do Amazonas, e também pode ser acessada pelo site da FAS.

Por meio de atividades “que ao longo do tempo vêm sendo esquecidas, com características de articulação, interação, trabalho em grupos, criatividade e desenvolvimento cultural de forma lúdica”, como diz uma das primeiras páginas do guia, os professores e demais profissionais poderão ter mais ferramentas para um ensino multidisciplinar voltado à realidade local. O caderno é resultado do projeto “Formação e Educação de Populações Ribeirinhas no Amazonas: melhoria do ensino complementar e relevante aos estudantes do Ensino Médio e Ensino Fundamental”, parceria da FAS com a Secretaria de Estado de Educação (SEDUC-AM).

“Com a publicação, esperamos que essas pessoas possam reconhecer os desafios, potenciais soluções e, sobretudo, oportunidades de desenvolver ações concretas a partir de brincadeiras com cunho didático e de suas realidades locais, em prol do desenvolvimento do ato de ler e escrever de forma leve e instigante”, afirma Silvana Souza, supervisora pedagógica do projeto. O guia propõe “sensibilizar” os jovens “sobre a importância do cuidado com a , estimulando estudantes a se reconhecerem como sujeitos do campo e parte integrantes da floresta”, como diz outro trecho.

Gabriel Tussini  – Estudante de Jornalismo. Fonte: O Eco. Foto: Criança e /Instituto Alana.

Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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