Rios Limpos para Mares Limpos: ONU Meio Ambiente lança iniciativa no Amazonas
Evitar que a poluição plástica proveniente dos rios chegue aos oceanos é o objetivo da iniciativa “Rios Limpos para Mares Limpos” do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente), lançada na sexta-feira (8) durante o seminário “Dos Rios limpos para Mares Mais Limpos com os ODS”, que reuniu representantes de academia, sociedade civil e setores governamentais na sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em Manaus.
O evento foi promovido por FAS, ONU Meio Ambiente, Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia (SDSN-AMAZÔNIA) e Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
Para se ter uma dimensão do problema, cerca de 80% da poluição marinha é originada em terra e são os cursos de água doce que levam esgotos, pesticidas, metais pesados, lixo plástico e outros poluentes até o litoral, causando danos aos ecossistemas à saúde das pessoas.
O superintendente geral da FAS, Virgilio Viana, explicou o porquê da importância da pauta, não somente para o meio ambiente, mas para a saúde humana. “O desafio de acabar com a poluição do plástico nos mares começa nos rios, muito mais do que as praias, são as margens dos rios que carregam enormes quantidades de plásticos poluindo os oceanos de todo mundo”, disse.
“E não apenas os oceanos, mas a própria poluição de plástico no rios é um fator que preocupa porque afeta a saúde humana. O microplástico que entra na carne do peixe é ingerido pelas pessoas e tem efeitos extremamente preocupantes sobre à saúde. Além do impacto na saúde humana, temos o problema ambiental relacionado a própria vida, tanto aquática como as demais formas de vidas afetadas pela poluição dos plásticos”, explicou Virgílio.
Na ocasião, a representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú, destacou a importância da Amazônia na campanha e do diálogo promovido pela FAS.
“Manaus é fundamental para o sucesso dessa campanha por conta do Rio Amazonas, da floresta amazônica, pelo que ela representa e pelos desafios que você encontra aqui. O trabalho que a FAS já vem desenvolvendo em alguns dos igarapés da cidade é de suma importância para termos condições de fazer um projeto que a gente se orgulhe muito no futuro”, declarou.
“Nenhuma solução você consegue lograr sozinho na área ambiental. É preciso trabalhar de maneira integrada, em colaboração para que a gente possa realmente obter os resultados que precisamos para nossa sociedade, para o planeta. Diálogos, como o visto no seminário, são prova disso”, contou.
Representantes do movimento Global Goals Jam, Pedala Manaus e Grito D’Água estiveram presentes no seminário sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a prática das soluções integradas, apontando coletivamente melhorias necessárias para os igarapés de Manaus e política públicas que implementem a reciclagem com uma prática intrínseca às ações ambientais na cidade.
Na ocasião do lançamento da campanha, foi apresentado o aplicativo Litterati, que rastreia o lixo em tempo real por meio de geolocalizaçao, qualificando e identificando marcas. O aplicativo criado por Jeff Kirschner busca de forma divertida mobilizar seus usuários acerca da responsabilidade que todos têm com o lixo que geram e apoiar novas regulamentações para estimular ações sustentáveis. O aplicativo é gratuito e está disponível para Android e iOS.
Ação de limpeza no lago do Tarumã
Na manhã de sábado (9), a FAS e a ONU Meio Ambiente, em ação coordenada pelo Movimento Grito D’água e com apoio da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), organizaram uma ação de limpeza nas margens do lago do Tarumã, no Rio Negro, com pranchas de “stand up paddle”, para retirar os resíduos corretamente. A atividade marcou o início da agenda “Rios Limpos para Mares Limpos” na Amazônia e contou com a participação de voluntários.
O superintendente técnico-científico da FAS, Eduardo Taveira, afirma que é importante a conscientização quanto ao destino do lixo. “É importante entendermos que quando se fala em descartar o lixo ou, simplesmente jogá-lo fora, não existe “fora”. Estamos em um sistema fechado, onde tudo permanece aonde está. Então rios, mares, todos estão conectados”, afirmou.
A ação é voltada ao ODS número 6, que visa ao compromisso de assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos, e ao ODS 14, que visa garantir até 2030 a conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
Fonte: ONU – Brasil