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Rios Limpos para Mares Limpos

Rios Limpos para Mares Limpos: ONU lança iniciativa no Amazonas

Evitar que a plástica proveniente dos rios chegue aos oceanos é o objetivo da iniciativa “Rios Limpos para Mares Limpos” do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente), lançada na sexta-feira (8) durante o seminário “Dos Rios limpos para Mares Mais Limpos com os ODS”, que reuniu representantes de academia, civil e setores governamentais na sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em .

O evento foi promovido por FAS, ONU Meio Ambiente, Rede de Soluções para o na Amazônia (SDSN-AMAZÔNIA) e Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).  Gritodagua3 1024x683

 

O superintendente geral da FAS, Virgilio Viana, explicou o porquê da importância da pauta, não somente para o meio ambiente, mas para a saúde humana. “O desafio de acabar com a poluição do plástico nos mares começa nos rios, muito mais do que as praias, são as margens dos rios que carregam enormes quantidades de plásticos poluindo os oceanos de todo mundo”, disse.

“E não apenas os oceanos, mas a própria poluição de plástico no rios é um fator que preocupa porque afeta a saúde humana. O microplástico que entra na carne do peixe é ingerido pelas pessoas e tem efeitos extremamente preocupantes sobre à saúde. Além do impacto na saúde humana, temos o problema ambiental relacionado a própria vida, tanto aquática como as demais formas de vidas afetadas pela poluição dos plásticos”, explicou Virgílio.

Na ocasião, a representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú, destacou a importância da Amazônia na campanha e do diálogo promovido pela FAS.

“Manaus é fundamental para o sucesso dessa campanha por conta do Rio Amazonas, da , pelo que ela representa e pelos desafios que você encontra aqui. O trabalho que a FAS já vem desenvolvendo em alguns dos igarapés da cidade é de suma importância para termos condições de fazer um que a gente se orgulhe muito no futuro”, declarou.

“Nenhuma solução você consegue lograr sozinho na área ambiental. É preciso trabalhar de maneira integrada, em colaboração para que a gente possa realmente obter os resultados que precisamos para nossa sociedade, para o planeta. Diálogos, como o visto no seminário, são prova disso”, contou.

Representantes do movimento Global Goals Jam, Pedala Manaus e Grito D’Água estiveram presentes no seminário sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a prática das soluções integradas, apontando coletivamente melhorias necessárias para os igarapés de Manaus e públicas que implementem a com uma prática intrínseca às ações ambientais na cidade.

Na ocasião do lançamento da campanha, foi apresentado o aplicativo Litterati, que rastreia o lixo em tempo real por meio de geolocalizaçao, qualificando e identificando marcas. O aplicativo criado por Jeff Kirschner busca de forma divertida mobilizar seus usuários acerca da responsabilidade que todos têm com o lixo que geram e apoiar novas regulamentações para estimular ações sustentáveis. O aplicativo é gratuito e está disponível para Android e iOS.

Ação de limpeza no lago do Tarumã

Na manhã de sábado (9), a FAS e a ONU Meio Ambiente, em ação coordenada pelo Movimento Grito D’água e com apoio da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), organizaram uma ação de limpeza nas margens do lago do Tarumã, no Rio Negro, com pranchas de “stand up paddle”, para retirar os resíduos corretamente. A atividade marcou o início da agenda “Rios Limpos para Mares Limpos” na Amazônia e contou com a participação de voluntários.

O superintendente técnico-científico da FAS, Eduardo Taveira, afirma que é importante a conscientização quanto ao destino do lixo. “É importante entendermos que quando se fala em descartar o lixo ou, simplesmente jogá-lo fora, não existe “fora”. Estamos em um sistema fechado, onde tudo permanece aonde está. Então rios, mares, todos estão conectados”, afirmou.

A ação é voltada ao ODS número 6, que visa ao compromisso de assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos, e ao ODS 14, que visa garantir até 2030 a conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. 

Fonte: ONU – Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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