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A ORIGEM DE FORMOSA, SEGUNDO OLYMPIO JACINTHO

A ORIGEM DE FORMOSA, SEGUNDO OLYMPIO JACINTHO

A origem de Fomosa, segundo Olympio Jacintho 

Olympio Jacintho era mineiro de Patrocínio. Enquanto viveu em , no período de 1872 a 1938, manteve contato com os moradores mais antigos da região, pesquisou e escreveu sobre a de Formosa.

Parte de seus escritos encontram-se resumidos no livro “Esboço histórico de Formosa“, publicado em  1979 pela , Independência. Seguem excertos dos textos de Jacinto que lançam luz sobre a história de Formosa:

Houve, na margem do ribeirão Paranã, um povoado, situado por baixo da barra do ribeirão Itiquira, afluente da margem esquerda daquele. Esse povoado, que tinha a denominação de arraial de Santo Antonio (dele existem taperas de casas e de uma capela), foi edificado em local inabitável: entre várzeas paludosas e o mal afamado ribeirão Paranã que, depois de receber inúmeros afluentes, é um dos maiores tributários do .

Os habitantes desse povoado, vendo-se dizimados, todos os anos, pelas febres intermitentes, transferiram-se para a localidade, onde hoje se acha a cidade de Formosa, distante oito léguas dali, por ser salubre, e porque nela se estacionavam os negociantes ambulantes de fazendas, ferragens, sal e café, que vinham sobretudo de Minas Gerais, e, receosos das febres do Paranã, ali esperavam que os paranistas viessem trazer-lhes gado, couros solas e salitre, para permutarem suas mercadorias.

(…)

A ORIGEM DE FORMOSA, SEGUNDO OLYMPIO JACINTHO
Fomosa Antiga – Acervo Prefeitura Municipal

A povoação de Couros foi criada por crioulos, que vieram do Paranã, acossados pela febre (…).  (…) deve ter sido mesmo no meado do século XVIII que esses habitantes se estabeleceram em  Couros, onde levaram suas cabanas, cobertas de peles de animais, que deu origem ao nome do novo povoado, que criaram.

Foram essas habitações edificadas na atual rua do Norte, de Formosa. A denominação desta rua foi mudada pela Câmara Municipal em 20 de setembro de 1877, por indicação do vereador João Moreira Ribeiro; até essa data era denominada rua dos Crioulos.”

A ORIGEM DE FORMOSA, SEGUNDO OLYMPIO JACINTHO
Formosa Antiga – Acervo Prefeitura Municipal

NOTA DA REDAÇÃO:  Em sua obra póstuma, “Álbum de Formosa”, publicado pela família em 2013, o escritor formosense Alfredo A. Saad disputa  a história de que as primeiras casas de Formosa fossem cobertas de peles de animais. Segundo Saad, as casas eram cobertas de capim e as peles, com valor de mercado, eram produtos utilizados para o comércio. A rua do Norte, antes rua dos Crioulos, a primeira rua de Formosa corresponde hoje à Rua Jesulino Malheiros. As citações de Jacintho encontram-se registradas no livro “Brasília e Formosa, 4.500 anos de história”, Gustavao Chauvet, Terra Mater Brasília, 2005.

A ORIGEM DE FORMOSA, SEGUNDO OLYMPIO JACINTHO
Formosa Antiga – Acervo Prefeitura Municipal

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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