Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
ORIKI DE XANGÔ

ORIKI DE XANGÔ

Oriki de Xangô

Por Claudio Manuel/Vermelho 

ORIKI DE XANGÔ

Xangô Oluaxô —
o raio rubro
rasga o céu.
Obakossô
faz o forte fugir
de medo.
Alafim de Oió
não lute comigo.
Alafim de Oió
seja meu abrigo.
Oba Arainã
fala com boca
Oba Arainã
fala com olhos
Oba Arainã
fala com pele
Oba Arainã
fala com raio.
Leopardo de Oiá
não lute comigo.
Leopardo de Oiá
seja meu abrigo.
Alaganju
olho-de-chispa
mata o que mente
com pedras de raio.
Mastiga os juízes.
Castiga a mídia.
Oba Lubê
não lute comigo.
Oba Lubê
seja meu abrigo.
Oba Orungá dança alujá
queima a xota
da dondoca.
Oba Orungá dança alujá
queima o falo
do Bolsonaro.
Oba Orungá dança alujá
e saúda a beleza
que há no mundo.
Oba Orungá dança alujá
e saúda a beleza
que há no mundo.

Kawó Kabiesilé!

Claudio Daniel procura manter elementos do oriki tradicional (nomes e epítetos dos orixás, mitos, atribuições e atributos), mas com uma crítica contemporânea, incorporando temas da situação e social do país.

Xangô

Xango Santuario Nacional de Umbanda FUGABC 225x300 1

Xangô é o Senhor da , o da Lei. Rege os domínios do , expresso nos raios e nas lavas de vulcão. Seu axé está nas pedreiras.
É considerado de grande poder, Orixá justiceiro por isso, para se pedir justiça a Xangô é necessário que seja realmente justa a situação, pois ele olhará os dois lados da situação.
Por isso, seu instrumento é o Oxé (o machado de duas lâminas). Corresponde a Sexta Linha da Umbanda.
É a representação do espírito maduro, grande líder, conhecedor do bem e do mal. Seus filhos geralmente tem o temperamento forte e são realizadores de grandes conquistas.
Na  Iorubá, Xangô foi coroado Rei de Oió e tornou-se ainda Rei de Cossô. Teve três esposas: Oxum, Obá e Inhaça, esta última seu mais intenso .
Para conquistar Inhaça, Xangô teve que vencer a guerra contra Ogum. Ogum veio com sua armadura e espada e Xangô possuía apenas uma pedra na mão.
Mas, a pedra de Xangô era um meteorito que soltava chamas, era pedra de raio (edum ará) e ao atingir Ogum, ele pegou fogo e foi destruído por Xangô, que ganhou assim o amor eterno de Inhaça.
Em outro Itã,  Xangô foi convidado a participar de uma cerimônia aos eguns (espíritos dos mortos). Xangô deveria manter segredo sobre o que vira, mas não cumpriu o combinado.
Por isso, Xangô ficou proibido de participar de cultos aos eguns e é comum seus filhos odiarem cemitérios e cerimônias fúnebres.

Sincretismo religioso

No sincretismo religioso, Xangô representa São Jerônimo, o santo católico que foi responsável por traduzir a Bíblia Sagrada para o Latim. Por tanto, o santo que “escreve a Lei de Deus”. Também é sincretizado com São João Batista, aquele que fora prometido a Deus desde o ventre e batizava nas águas os filhos de Deus. João veio anunciar a chegada do Messias e reconheceu e batizou Jesus Cristo.
Foi o último dos profetas. Já São Pedro foi o primeiro discípulo de Jesus e teria recebido dele as chaves das portas do céu, as quais poderiam ser abertas e fechadas com as chuvas e trovões, segundo a vontade de Pedro. A depender da região do um desses três Santos representam Xangô.

Oferendas e Saudação

O dia da semana de Xangô é quarta-feira. Sua cor é o , em alguns templos o vermelho e branco (mais comum nos Candomblés). Suas homenagens acontecem no dia 30 de setembro, dia de morte de São Jerônimo, ou dias 24 de junho – São João Batista e 29 junho – São Pedro. Suas oferendas são as marrons, cerveja preta, fumo e o famoso Amalá de Xangô, oferenda preparada com quiabos e muito tradicional nos Candomblés. Sua saudação é “Caô Cabiecilê” ou “Kaô Kabecilê”.
 

Orações a Xangô

Senhor meu Pai, o infinito é tua grande morada no espaço, teu ponto de energia é nas pedras das cachoeiras. Com tua justiça fizeste uma construção digna de rei. Meu Pai Xangô, tu que és defensor da justiça de Deus e dos homens, dos vivos e dos além da morte, tu, com tua machadinha de ouro, defende-me das injustiças, acobertando-me das mazelas, das dívidas, dos perseguidores mal-intencionados. Protege-me meu glorioso São Judas Tadeu, Pai Xangô na umbanda. Sempre justiceiro nos caminhos em que eu venha a passar com a força desta prece, sempre contigo estarei, livrando-me do desespero e da dor, dos inimigos e dos invejosos, dos indivíduos de mau-caráter e dos falsos amigos. Axé.

Quando se quer a intervenção de Xangô para que haja justiça em alguma situação, a oração a ser feita é a seguinte:

Poderoso Orixá de umbanda, Pai, companheiro e guia, Senhor do equilíbrio e da justiça, auxiliar da Lei do Carma, só Vós tendes o direito de acompanhar, pela eternidade, todas as causas, todas as defesas, acusações e promanadas das ações desordenadas dos atos puros e benfazejos que praticamos.

Senhor de todos os maciços e cordilheiras, símbolo e sede da Vossa atuação planetária no físico, no astral e no mental. Soberano Senhor do equilíbrio e da equidade, velai pela inteireza do nosso caráter.

Ajudai-nos com Vossa prudência. Defendei-nos das nossas perversões, ingratidões, antipatias, falsidades, incontinência da palavra e julgamento indevido, dos atos dos nossos irmãos em humanidade.

Só Vós sois o grande Julgador.

 

 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA

[instagram-feed]