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Pacha Mama: A Mãe Terra da Cultura Andina 

PACHA MAMA: A MÃE-TERRA DA CULTURA ANDINA 

Pacha Mama: A Mãe-Terra da Andina 

Para os povos andinos, herdeiros da civilização Inca, da Bolívia ao Peru e ao Equador, do noroeste argentino ao extremo norte do Chile, Pacha Mama, ou Pache Mama, ou PachaMama, simboliza a Mãe Terra, provedora do sustento e do alento necessários para manter a vida em harmonia neste nosso planeta Terra.

Por

De Aymará, , entretanto, vem do quéchua: termos mama (mãe, maternidade) e pacha (o e o espaço, a terra, o divino, o sagrado) se fundem em uma só palavra-conceito, para expressar o sentido mais amplo e profundo da deidade máxima da cultura andina.

Força suprema do feminino, como Mama ela reúne em seu seio os poderes maternos, em especial o de doar alimentos aos seres vivos, seus filhos e filhas. Como Pacha, ela controla o tempo e os movimentos do Universo. Ela pode ser o dragão da montanha causando terremotos ou uma anciã que vive serena na floresta, como o próprio da Terra.

Deidade suprema, os andinos a honram como:  Mãe – das e dos povos que nelas vivem; Senhora – dos frutos, dos rebanhos, da fertilidade  e de todos os bens da ; Guardiã – contra as pragas, as geadas e os males do mundo; Protetora – nas caçadas, nas viagens, nas aventuras; e Padroeira – da agricultura, da tecelagem e de uma infinidade de rituais espontâneos e de cerimônias tradicionais, sempre cuidadas por mulheres.

1º de agosto é o dia da Pacha Mama. Nesse dia, enterra-se, em um lugar próximo da casa, uma panela de barro com cozida.

Também se põe coca, yicta, álcool, vinho, cigarros e chicha para alimentar Pacha Mama. Nesse mesmo dia deve-se por cordões de fio branco e preto, confeccionados com lã de lhama, enrolando-os à .

Esses cordões se atam nos tornozelos, nos pulsos e no pescoço.


ZEZE WEISS

 

Zezé Weiss – Jornalista Socioambiental. 

 

 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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