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Papagaio-chauá

O papagaio-chauá, um dos menos conhecidos no Brasil, ganha projeto de conservação

Iniciativa para monitorar a presença do papagaio-chauá na Mata Atlântica conta com um time de peso e diversas expedições.

Apesar da incrível diversidade de papagaios que habitam o território brasileiro – o que nos coloca como medalhistas no cenário mundial -, somos recordistas em número de espécies ameaçadas de , resultado da degradação dos ambientes naturais e da captura de filhotes para abastecer o comércio ilegal (nacional e internacional) de animais de estimação.  Segundo levantamento do Ministério do , divulgado em 2014, três espécies de papagaios estão ameaçadas.

Com o objetivo de diminuir essas estatísticas, o Grupo Assessor do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica (PAN Papagaios), que acompanha cinco espécies de papagaios, promove diversas ações de monitoramento da espécie.

“Ao fim de 2014, por exemplo, o PAN Papagaios iniciou o Papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha), que é considerado o menos conhecido entre eles, o que torna o projeto ainda mais relevante”, explica a coordenadora geral do projeto, Gláucia Helena Fernandes Seixas. Em agosto de 2016, a iniciativa passou a contar com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (FGB).

“Ainda não há conhecimento sobre o tamanho e status populacional nas áreas de sua distribuição natural (Rio de Janeiro e ). Mas, normalmente, a espécie é vista em casal ou em bandos se alimentando de frutos, sementes e brotos em topos de árvores na Mata Atlântica dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, e historicamente, Sergipe e Alagoas”, frisa Gláucia.

O projeto é executado pela Fundação Neotrópica do Brasil e pelo Parque das Aves. Além da Fundação Grupo Boticário, a ação conta com o apoio da de Pesquisa em e (SPVS) e Centro de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave).

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Normalmente, a espécie é vista em casal ou em bandos se alimentando de frutos, sementes e brotos em topos de árvores na Mata Atlântica. Foto de Papagaio-chauá: Fabiane Girardi

EXPEDIÇÕES

Após contabilizar sete expedições desde o início do projeto, a espécie já foi confirmada em mais de 59 municípios dos estados de Minas Gerais (19) e Rio de Janeiro (40). Ao longo das visitas, foram realizadas entrevistas com a comunidade, além do estabelecimento de importantes parcerias com instituições locais. Somente em dezembro, o projeto somou visitas a nove cidades fluminenses.

A iniciativa também prevê pesquisas sobre a biologia reprodutiva da espécie, além de atividades de para conservação e geração alternativa de renda. “A ideia é alertar a população contra os danos decorrentes do tráfico de e mostrar a importância de manter a integridade dos ambientes onde vivem”, concluiu Gláucia.

ANOTE AÍ:

Sobre a Fundação Grupo Boticário:

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.510 projetos de 496 instituições em todo o Brasil.

A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois mais ameaçados do país.  Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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