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Paraíba: Guariba-de-mãos-ruivas encontrado em plantação de feijão é devolvido à natureza

Paraíba: Guariba-de-mãos-ruivas encontrado em plantação de feijão é devolvido à natureza

Primata foi encontrado e capturado por trabalhadores rurais em uma área de plantação de feijão e cana-de-açúcar, no município de Mataraca, norte da Paraíba.

Por: ICMBio – folhadomeio
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) soltou um guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul). Os pesquisadores recolheram o animal que foi encontrado e capturado por trabalhadores rurais em uma área de plantação de feijão e cana-de-açúcar, no município de Mataraca, norte da Paraíba. O macaco foi encaminhado ao Cetas/Ibama/PB.
 
As analistas ambientais do CPB avaliaram o animal, coletaram dados biométricos e amostras biológicas e fizeram a identificação com o uso de um microchip. O primata é uma fêmea adulta-jovem, selvagem e saudável, que foi batizada de Mataraca (nome do município onde foi encontrada). Atendendo às diretrizes do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas do Nordeste (PAN PRINE), foi avaliado que o guariba estava em condições de voltar à natureza. Assim, no dia 17 de abril, a espécie foi liberada para viver na Rebio Guaribas, considerada uma das áreas adequadas para soltura na Paraíba, de acordo com o PAN PRINE.
 
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Mataraca (guariba da matéria) na caixa de transporte, momentos antes da soltura. (foto: Gabriela Ludwig)
 
 No período de julho de 2011 a abril de 2019, foram registrados 37 casos de guaribas-de-mãos-ruivas em dispersão ou situação de risco (como cativeiros ilegais), dos quais 26 foram diretamente avaliados pela equipe do CPB e 14 foram reintroduzidos na Rebio Guaribas.
 
Após 19 anos de pesquisas e ações de manejo de A. belzebul na Rebio Guaribas, realizadas principalmente pelo CPB, 29 animais foram reintroduzidos (19 fêmeas e 10 machos) e a população atual estimada para a espécie na área é de 40 a 50 indivíduos, considerada demograficamente viável a partir de resultados de modelagens de análise de viabilidade populacional.
 
Desde sua criação em 2001, o CPB assumiu a coordenação do “Projeto Guaribas do Nordeste”, que teve início em 1998 com o objetivo de repovoar a Rebio Guaribas com o guariba-de-mãos-ruivas. Em seguida, a partir de 2011, quando o PAN PRINE começou a ser implementado, o CPB passou a executar, de forma sistemática, ações de manejo de indivíduos e populações de A. belzebul para manutenção e estabelecimento de populações viáveis na natureza. As ações de manejo deste tipo consideram a da espécie, em que indivíduos maduros sexualmente, de ambos os sexos, deixam seus grupos de nascimento e se deslocam para novas áreas, a fim de criarem seus próprios grupos.
 
Essa demanda de ação surgiu no PAN PRINE, principalmente devido a registros de indivíduos que, durante sua dispersão entre as áreas de florestas, muitas vezes sofrem intervenções humanas, como no caso de Mataraca que foi capturada por trabalhadores rurais. Recentemente, inclusive, o CPB produziu um cartaz advertindo a população de como proceder quando encontrar guaribas dispersando.
 
Perda do habitat e pressão de caça
 
O guariba-de-mãos-ruivas é um primata endêmico ao , o qual apresenta distribuição disjunta, com populações na porção oriental da e outras na Floresta Atlântica, no Centro de Endemismo Pernambuco (CEP). Apesar da espécie ser considerada tolerante a perturbações e modificações ambientais, a maior parte das populações amazônicas está inclusa na região do Arco do e as populações nordestinas encontram-se em situação crítica, devido à perda e à fragmentação de seu habitat, além de forte pressão de caça.
 
Diante deste cenário, a espécie foi considerada “Vulnerável” à extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2008) e pela Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção (Portaria MMA 444/2014).
 
 
 
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Mataraca solta na natureza. (Foto: Gerson Buss)

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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