“Frequências Preciosas” lança mapa nacional de cantoras

Atualizada:
“Frequências Preciosas” – Plataforma lança mapeamento nacional de cantoras negras e indígenas
 
Da Redação Brasil de Fato
 
A plataforma musical baiana Frequências Preciosas, que busca difundir a arte de cantoras negras e indígenas da cena independente nacional, lança chamada de mapeamento “Seja Uma Preciosa” por meio de formulário disponível no site da iniciativa.
 
Para o cadastro, é necessário preencher os dados solicitados, como nome artístico, perfil descritivo, links de canções no Youtube e outras plataformas musicais, contatos das redes sociais e fotos. O único requisito para o cadastro é que as cantoras brasileiras se autodeclarem negras ou indígenas.
 
O objetivo é catalogar estas artistas, dispor seus perfis e materiais no site da Frequências Preciosas, como um banco de dados. Foi desta forma que a plataforma surgiu: em pandemia, maio de 2020, a multiartista e produtora Viviane Pitaya começou a mapear e se conectar com cantoras negras e indígenas para entender como elas produziam seus trabalhos e quais eram as dificuldades enfrentadas.
 
O esforço resultou em um levantamento de mais de 500 cantoras nacionais. Cerca de 50 artistas espalhadas em 37 cidades tiveram seu material publicado (foto, canção, Mini-Bio, contato).
“Essa diversidade precisa ser reconhecida. Queremos ser voz e veículo, livro de registro dessas histórias”, pontua Pitaya, que acaba de lançar o single e videoclipe Solução.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira

Cantora Ivana Gaya é uma das Preciosas do levantamento nacional – Foto: Gab Cerqueira

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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