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Protagonismo preto

Protagonismo preto

Tela Preta: Margareth Menezes, Flávio Renegado, Nanda Lisboa e Pablo Pitombo falam sobre protagonismo preto

“Essa parada que foi dada serviu para que as pessoas enxergassem um pouco o ritmo das coisas , o ritmo das relações humanas, o ritmo da degradação do , da ” contou ao Tela Preta a cantora Margareth Menezes, indicada ao Grammy Latino pela segunda vez.
Sentir o viver, o dia-a dia, os aromas, perceber o outro e a si mesmo, são ideais de uma geração que passou a entender que o futuro é o HOJE.
Entender o ritmo da é um dos questionamentos da cantora Margareth Menezes ao falar no programa Tela Preta sobre a pandemia que assola o .
Convidada do programa que foca no protagonismo preto como ideal, Maga que recebeu na última terça, dia 29 de outubro a notícia de mais uma indicação ao Grammy Latino 2020 na categoria melhor álbum de de em .
“Autêntica”, disco indicado, marcou o final de um intervalo de 11 anos sem um álbum inédito, trazendo a bandeira do afropopbrasileiro, uma temática que a cantora e compositora tem abordado frequentemente, mas associada ao universo das negras.
A primeira vez de Maga no Grammy Latino foi em 2006 com o disco “Por Você” indicação na categoria de Melhor Álbum Brasileiro de Música Pop. Já no Grammy Awards, o disco “Kindala” foi indicado em 1993.
Anos depois, em 2007, Margareth voltou a ser indicada, desta vez em duas categorias, a de Melhor álbum Brasileiro de World Music e Melhor álbum de Música Regional Brasileira, por “Brasileira ao Vivo: Uma ao Reggae”.
O programa dirigido por Oliveira Pedreira conta com Maga ao lado da atriz Nanda Lisboa e dos também cantores Flávio Renegado e Pablo Pitombo, que nos alegra com a sua animação “Turminha da Bebé”.
PROGRAMA TELA PRETA
YOUTUBE MIDIA NINJA
Apresentador Uran
Convidados: Margareth Menezes, Flávio Renegado, Nanda Lisboa e Pablo Pitombo
Direção Oliveira Pedreira
Edição Felupz/ Paradisum Produtora

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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