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PT: “As mensagens [entre Moro e Dallagnol] comprovam que Lula é um preso político”

PT: “As mensagens [entre Moro e Dallagnol] comprovam que é um preso político”

“O PT conclama todos as forças democráticas, os , a comunidade jurídica nacional e internacional a se levantar em repúdio às arbitrariedades agora confirmadas e em defesa do direito. O que está em causa é o País, a e o direito. As arbitrariedades cometidas, caso fiquem impunes, podem continuar atingindo todo e qualquer cidadão e a própria democracia”, diz o Partido dos Trabalhadores em Nota, divulgada nesta segunda-feira, 10 de junho, um dia após as denúncias publicadas pelo The Intercept:

Leia, abaixo, a nota do PT na íntegra:

A divulgação das mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Força-Tarefa da Lava Jato confirmam, a toda prova, o que o PTe a defesa de Lula sempre denunciaram: Moro, Dallagnol e seus parceiros agiram de forma combinada para criar uma farsa judicial, forjando acusações com o objetivo político de impedir a vitória de Lula e do PT nas presidenciais.

Ao contrário do que afirmam hoje para tentar abafar suas ações ilegais, Moro e os procuradores da Lava Jato ultrapassaram todas as fronteiras da legalidade e do estado democrático de direito. Cometeram crimes contra a liberdade de Lula, contra o direito de defesa e o devido processo legal e, principalmente, contra a soberania do povo no processo eleitoral.

Entre outras revelações, as mensagens provam que:

1) A Força-Tarefa da Lava Jato mentiu sobre o tríplex do Guarujá, pois Deltan Dallagnol reconhece que nunca teve provas de que pertenceria a Lula;
2) A Força-Tarefa mentiu deliberadamente ao estabelecer uma falsa ligação entre o tríplex e os contratos da OAS com a Petrobrás, outro crime confessado por Dallagnol;
3) Sergio Moro cometeu deliberadamente um crime ao vazar diálogos de Lula com a ex-presidenta Dilma, o que foi planejado com a Força Tarefa;
4) Sergio Moro mentiu para o STF ao pedir “escusas” pelo grampo de Lula e Dilma, do qual ele se vangloria em mensagem a Dallagnol;
5) A Lava Jato atuou para impedir a eleição candidato do PT, Fernando Haddad, como está claro nas mensagens para impedir a entrevista de Lula em setembro de 2018.

Não há máscara capaz de esconder a verdadeira face da Lava Jato, que se comprova ter sido uma operação política mal disfarçada como ação de combate à . As mensagens somam-se à série de arbitrariedades cometidas ao longo do processo e que afetaram não somente Lula e o PT, mas o estado de direito. Nem mesmo a Globo e a mídia que a segue, cúmplices ativas desse atentado contra a democracia, o direito e a justiça, podem mais esconder a realidade.

As revelações do site The Intercept expõem a real dimensão da trama criminosa, em conversas que cobrem de vergonha o sistema judicial brasileiro. Comprovam a parcialidade de Moro e sua atuação como maestro de uma denúncia manipulada desde o início. Expõem o escandaloso grau de corrompimento de agentes do estado que deveriam defender a lei e promover a justiça mas fizeram o contrário.

As mensagens comprovam, até para os que se recusavam a enxergar os fatos, que Lula é um preso político, condenado e encarcerado sem ter cometido crime nenhum, a não ser o de ameaçar, com a força do povo, o resultado eleitoral tramado pelos poderosos.

Moro e seus procuradores terão de responder por seus atos criminosos – os já conhecidos e os que ainda serão revelados – e pelo papel desempenhado na eleição de Jair Bolsonaro, que os recompensou com a nomeação para cargos elevados na República. São responsáveis pela instalação de um governo que entrega a soberania nacional, retira direitos do povo, dilapida o público e mergulha o país na barbárie.

O PT conclama todos as forças democráticas, os movimentos sociais, a comunidade jurídica nacional e internacional a se levantar em repúdio às arbitrariedades agora confirmadas e em defesa do estado direito. O que está em causa é o País, a liberdade e o direito. As arbitrariedades cometidas, caso fiquem impunes, podem continuar atingindo todo e qualquer cidadão e a própria democracia.

Lutaremos pela justiça em todas as frentes: no Judiciário, no Parlamento, nas instâncias de controle da Magistratura e do Ministério Público, nos organismos internacionais e principalmente nas ruas e nos meios independentes de , para que a vergonhosa verdade seja conhecida dentro e fora do país.

Não descansaremos enquanto não houver a nulidade dos atos de exceção promovidos por Moro e a devida punição para os criminosos da Lava Jato; enquanto não for feita justiça para Lula e restabelecida a plenitude do estado de direito democrático em nosso país.

Punição para os crimes da Lava Jato!

!

Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores

São Paulo, 10 de junho de 2019


 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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