Qual o próximo golpe?

Qual o próximo golpe?

Por Armando Coelho Neto

Nós já vimos uma adolescente ser exposta como uma bastarda num programa eleitoral. Era filha do Lula, fora do casamento.

Vimos um sequestro fajuto de um empresário, e enfiaram camisas do PT nos sequestradores. Abílio Diniz, lembram?

Vimos um debate editado, com o canalha Collor exibindo um suposto aparelho de som do Lula. Suor de mentira, posto por maquiadores da Globo.

Assistimos Serra ser internado por causa de uma bolinha de papel atirada por seus cumplices.

Constrangidos e tristes, vimos dois aviões caírem em vésperas de eleições, um deles com Eduardo Campos.

Tivemos facada falsa, no Bozo, sob proteção da Polícia Federal.

Um juiz bandido liberou delação recusada pelo MPF, seis dias antes das eleições.

Qual será o próximo golpe das zelite, apoiada pelas FFAA e Globo?

NOTA DA REDAÇÃO: Texto atribuído a Armando Coelho Netto, ex-delegado da Polícia Federal. 

Capa: YouTube. Foto interna: Carta Capital.


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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