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Quebradeiras de Coco do Maranhão são premiadas pela FAO

FAO premia maranhenses que preservam cultivo tradicional do babaçu

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Fruto do babaçu. Imagem feita em Lago da Pedra, no Maranhão. Foto: Flickr (CC)/Leonardo Melo Norberto

Há 25 anos, a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR) do Médio Mearim, no estado do Maranhão, implementam práticas de exploração sustentável dos babaçus, um tipo de palmeira que ajuda na conservação da biodiversidade regional. A iniciativa do grupo de 102 agricultoras, espalhadas por 14 comunidades, foi a vencedora do Prêmio de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais, da FAO e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Durante a cerimônia de premiação, na semana passada (18), em , o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, ressaltou a importância do concurso para preservar e dar visibilidade a conhecimentos ancestrais. “É uma oportunidade de valorizar o que muitas vezes não é reconhecido”, afirmou o dirigente.

As mulheres dos babaçuais maranhenses conservam práticas sustentáveis de extrativismo e agroecologoia. As plantações familiares combinam o cultivo do babaçu com o de outras culturas, como arroz, feijão e milho. A estratégia tem gerado para as famílias, garantindo a segurança alimentar e a proteção do . No final dos anos 90, a associação criou uma fábrica de sabonetes de babaçu.

Para as participantes da iniciativa, as palmeiras de babaçu são a “árvore da ”, pois, além de serem elementos fundamentais dos arranjos produtivos, contribuem para a conservação da biodiversidade e das nascentes. O cooperativa do Médio Mearim concorreu com outras 47 inscrições de diferentes regiões do Brasil.

Os cinco primeiros colocados receberam um prêmio no valor de 70 mil reais. Os outros dez mais bem classificados ganharam um prêmio de 50 mil. Os cinco projetos no topo da competição foram:

  • “Protagonismo das Mulheres de Fibra do Médio Mearim”, da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR), em Lago do Junco/MA;
  • “A Autodemarcação e Gestão do Território Tradicional dos Vazanteiros de Pau Preto”, da Associação dos Produtores Rurais de Vereda, em Matias Cardoso/MG;
  • “Feira de Troca de Sementes e Mudas das Comunidades do Vale do Ribeira”, da Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro, em Eldorado/SP;
  • “Feira da Mandioca de Imbituba”, da Associação Comunitária Rural de Imbituba (ACORDI), em Imbituba/SC; e
  • “Recaatingamento”, do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), em vários municípios da Bahia.

Os Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT) são conjuntos de elementos que incluem desde os saberes, , formas de organização social, práticas, produtos, técnicas e artefatos e outras manifestações associadas. Combinados, esses aspectos criam manifestações culturais que envolvem espaços, práticas alimentares e agro-ecossistemas manejados por povos e comunidades tradicionais e por agricultores familiares.

O prêmio da FAO e do BNDES conta com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (SEAD).

ANOTE AÍ

Fonte: ONU BR

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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