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PROPOSTAS

Cerrado: Propostas entregues a presidenciáveis

Cerrado: Propostas para a conservação do bioma entregues a presidenciáveis

Não podia ser mais oportuno. Debater estratégias para a conservação socioambiental do Cerrado na semana em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, na Casa do povo foi, além de simbólico, rico em experiências. O Seminário Estratégia Nacional para o Cerrado reuniu, na Câmara dos Deputados, em Brasília, representantes de organizações da sociedade civil, de povos e comunidades tradicionais, pesquisadores e parlamentares.

O objetivo foi iniciar a construção de um documento político com estratégias para manter o que resta do Bioma que, somente nos últimos dois anos (2016 e 2017), perdeu o equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol, segundo dados recentes do Ministério do Meio Ambiente. Mais da metade do Cerrado (52%) já não existe mais. “É o povo que trabalha para a conservação ambiental do Cerrado, mas somos esquecidos, não existem políticas para nós”, lamentou a liderança indígena Jonas Gavião, durante apresentação no seminário.

Já Donald Sawyer, assessor sênior do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), que é uma das organizações que compõem a coordenação da Rede Cerrado, lembrou que é preciso manter, pelo menos, metade do Bioma em pé. “E isso só é possível por meio de amplas paisagens produtivas sustentáveis com a presença humana. São os povos, as comunidades tradicionais e os agricultores familiares que vivem em harmonia com a natureza”, destacou Sawyer.

O Cerrado vem passando por intensos processos de desmatamento devido, principalmente, à especulação imobiliária, produção agropecuária em grande escala e aos grandes projetos minerais e energéticos. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, atualmente nove mil km2 de Cerrado são desmatados por ano, o que representa o dobro da taxa de desmatamento da Amazônia. Essa devastação tem impactos diretos no clima e na escassez de água no Brasil.

Dona Dijé, que se autodefine como sendo várias: mulher, negra, quebradeira de coco, quilombola, além de coordenadora adjunta do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), também membro da Rede Cerrado, destacou que a luta dos povos é unificada.

“NOSSA FORMA DE FAZER, DE
VIVER E LUTAR É O QUE NOS UNE.
NOSSA LUTA É PELOS TERRITÓ-
RIOS. NÓS, POVOS E NOSSA COMUNIDADES
TRADICIONAIS, QUEREMOS
NOSSO TERRITÓRIO PARA
PRODUZIR E PERPETUARMOS NOSSAS
CULTURAS ANCESTRAIS, CONSERVANDO
O LOCAL ONDE MORAMOS.
CONSERVANDO O CERRADO
POR MEIO DO SEU PRÓPRIO USO”.

PROPOSTAS       Foi nessa perspectiva que representantes dos povos e das comunidades tradicionais, reconhecidos como guardiões da sociobiodiversidade, junto a pesquisadores e representantes de organizações não governamentais, deram continuidade aos debates e à construção das propostas no dia seguinte ao Seminário. Durante os trabalhos, a importância do Cerrado para o equilíbrio ambiental de todo o Brasil, bem como a necessidade de torná-lo Patrimônio Nacional, junto com a Caatinga, na Constituição Federal, foram assuntos destacados. (Conheça a Campanha Sem Cerrado, Sem Água, Sem vida e assine a petição em www.semcerrado.org.br).

Diversos outros pontos foram abordados no documento que segue em fase de revisão e qualificação com organizações da sociedade civil. O documento será entregue às campanhas dos presidenciáveis em 2018 e se coloca como instrumento de recomendações e pressão política em prol do Cerrado.

PROPOSTAS

PRIORIDADES PARA OS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

Demarcação dos territórios tradicionais.

Inclusão da produção dos povos e comunidades tradicionais nas estatísticas do IBGE.

Destinação de mais créditos para pequenos e médios produtores.

Incentivo a pesquisas científicas e inovação tecnológica para a produção sustentável.

Fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de  Alimentação Escolar (PNAE).

Desenvolvimento de campanhas sobre consumo consciente, alinhadas à criação de áreas livres de transgênicos no Cerrado e à implementação do Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos.

Barramento da PEC 65, que derruba a licença ambiental para obras.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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