Reforma da Previdência: Para quem?

A atual proposta da reforma da Previdência (PEC 287/2016) apresentada pelo Poder Executivo traz sérios prejuízos à classe trabalhadora. A retórica dada pela grande imprensa, como forma de acionar a aprovação, está centrada na falta de dinheiro pelo governo. O sistema previdenciário brasileiro não é deficitário, ao contrário do que é apresentado, o capital financeiro recebe privados como públicos do , em um processo contínuo de reprodução do capital. A financeirização ocorre quando o Estado repassa recursos financeiros do fundo público às instituições bancárias que utilizam esse capital para investimentos financeiros e, consequente, geração de lucro através de juros.

Por: Maciana de Freitas e Souza para o Portal Geledés

Conforme dados da Pnad contínua de 2018, divulgado pelo IPEA, A vulnerabilidade das ao desemprego é 50% maior, independente de econômica, idade ou escolaridade. A cada 1 ponto percentual a mais na taxa de desemprego, as negras sofrem, em média, aumento de 1,5 ponto percentual contra 1,3 p.p. para as brancas. Entre 2012 e 2016, o emprego assalariado caiu de 66,6% para 64,2%, enquanto o não assalariado subiu de 24,8% para 27,7%. A se aprofunda quando analisamos a informalidade articulada à categoria raça: 46,9% da população negra contra 33,7% da população branca.

A partir dos dados, é nítido que as trabalhadoras que estão fora do núcleo de proteção do Direito do serão as mais afetadas, em razão da maior dificuldade imposta para acumular contributivo, pela divisão sexual do trabalho e pelas diferenças de rendimentos. Ao estabelecer parâmetros mais rígidos de acesso aos benefícios e ampliação do sistemade capitalização privada,a reforma tende a agravar de várias formas as desigualdades de gênero e raça, além do desmonte da seguridade social.

Esta situação se torna ainda mais preocupante com o atual contexto de recessão econômica vivido no , é um momento, portanto, em que cabe um grande esforço coletivo das forças sociais para abrir novas possibilidades de interpretação e, sobretudo, de ação contra a reforma da previdência e ainda mais importante, com vistas a um processo de contínuo frente as demandas reais.

Referência

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).Boletim Mercado de Trabalho – Conjuntura e Análise nº 65, outubro 2018 Disponível em:http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/mercadodetrabalho/181031_bmt_65.pdfAcesso em 23 de fevereiro de 2019

Fonte:

https://www.geledes.org.br/reforma-da-previdencia-para-quem/?utm_medium=ppc&utm_source=onesignal&utm_campaign=push&utm_content=onesignal

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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