Relatório revela

Relatório revela empresas responsáveis pelo desmatamento e queimadas na Amazônia e no Cerrado

A organização global Mighty Earth fez um importante relatório sobre as empresas por trás das queimadas na Amazônia e também no .

Segundo o relatório, a JBS, maior empresa de carnes de mundo, e a Cargill, maior companhia de e do mundo são as duas grandes responsáveis pelo desmatamento no — não somente na Amazônia, pois a Cargill e a companhia de agronegócio e alimentos Bunge são as principais responsáveis pelo desmatamento no Cerrado.

O documento informa também que as produtoras de soja no país participam da conhecida como Moratória da Soja, pacto ambiental entre as entidades representativas de produtores de soja no Brasil, ONGs ambientais como Greenpeace, WWF, IPAM e TNC e o governo brasileiro prevendo a adoção de medidas contra o desmatamento da Amazônia, que teve início em 2006.

Virtualmente o acordo funciona, já que as grandes empresas compram de produtores que desmatam e assim terceirizam a relação com os desmatadores. Outra importante trazida no relatório é que há 5 anos, Cargill, Unilever e Yum Brands foram ao palco da Climate Summit em Nova Iorque e afirmaram seu compromisso de remover o desmatamento de suas cadeias de suprimentos até 2020, porém isso não é o que está acontecendo.

É preciso lembrar que no âmbito das empresas produtoras de carne, mesmo com mobilização do exército e no Brasil e Evo Morales aceitando ajuda internacional na Bolívia, essas grandes indústrias vão continuar a criar mercado para carne, porco e frango indiferente ao desmatamento, e esse tipo de desastre ambiental vai seguir acontecendo.

A importância desse relatório é trazer o nome das empresas que fornecem e compram produtos responsáveis pelo desmatamento e, consequentemente, das queimadas na Amazônia e em todo o território brasileiro. Conheça a lista de produtores e compradores de produtos envolvidos com estes crimes ambientais.

JBS, Cargill, Bunge, Costco, McDonald’s, Burger King, Sysco, gestora Ahold Delhaize, Albertsons, Aldi, Arla, Asda, C&S, Danone, Edeka, Food4Less, Kroger, meijer, Morrisons, Safeway, Sainsbury’s, Sam’s Club, Save Mart Supermarkets, Target, Vons, Walamart, Yum!, Carrefour, Ahold, Pilgrim’s, Marks & Spencer, Nestlé, Subway, Wegmans, E.Leclerc e Casino.

Confira o relatório completo aqui.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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