Lampião é tão presente e tão forte no imaginário popular brasileiro que existe até um roteiro turístico, no noroeste de Sergipe, no coração do sertão nordestino, para celebrar as memórias de Maria Bonita e seu adorável cangaceiro…
Por Eduardo Pereira
Pra quem quiser dar uma volta pela “Rota do Cangaço”, a cidadezinha de Canindé de São Francisco, localizada a 200 km de Aracaju, a capital de Sergipe, concentra bons atrativos sobre a história de Maria Bonita, de seu amado Lampião, e também de Corisco e Dadá, figuras centrais no bando do cangaceiro.
Em uma viagem que dura em média 4 horas, o passeio pela Rota do Cangaço inclui um bom passeio de barco pelo rio São Francisco, com direito à vista de fabulosos paredões rochosos, até chegar ao Cangaço Eco Parque, que fica na Fazenda Angico, em outra cidadezinha que se chama Poço Redondo.
É lá que fica a famosa Grota do Angico, que é onde Maria Bonita, Lampião e outros nove cangaceiros caíram numa emboscada e foram mortos por uma “volante” de 49 soldados da polícia alagoana.
Até lá, são cerca de 2 km de caminhada em um cenário de Caatinga para ver o local exato onde, em 28 de julho de 1938, o tenente João Bezerra da Silva mandou degolar os cangaceiros para, num gesto de crueldade, expor seus crânios nas escadas da Prefeitura de Piranhas, a 12 km da Fazenda Angicos. O passeio é difícil, exige guia e resistência, porque o caminho se dá por um terreno pedregoso e árido.
Parte desse passeio incrível para quem está na região é fazer uma caminhada de cerca de 600 km pela Trilha do Angico, porque é nela que fica a famosa Banheira de Maria Bonita, uma grota onde dizem que a mulher do cangaceiro costumava tomar banho nas raras vezes em que chovia no sertão. Também dizem que é nessa grota que os cangaceiros se divertiam jogando dominó, e onde dormiam Maria Bonita e Lampião, em uma cama de pedra, ajeitada sobre as rochas locais.
Depois é voltar pro barco, almoçar em um restaurante ribeirinho e se preparar para um bom jantar em Piranhas, em meio a um casario histórico preservado, com apresentações culturais no centro histórico da cidade.
De Piranhas também se pode sair de barco para explorar outros caminhos da Rota do Cangaço, como uma visita a Entre Montes, no Cangaço Eco Parque, conhecida pela produção de bordados.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana do mês. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN Linda Serra dos Topázios, do Jaime Sautchuk, em Cristalina, Goiás. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo de informação independente e democrático, mas com lado. Ali mesmo, naquela hora, resolvemos criar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Um trabalho de militância, tipo voluntário, mas de qualidade, profissional.
Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome, Xapuri, eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás de grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, praticamente em uma noite. Já voltei pra Brasília com uma revista montada e com a missão de dar um jeito de diagramar e imprimir.
Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, no modo grátis. Daqui, rumamos pra Goiânia, pra convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa para o Conselho Editorial. Altair foi o nosso primeiro conselheiro. Até a doença se agravar, Jaime fez questão de explicar o projeto e convidar, ele mesmo, cada pessoa para o Conselho.
O resto é história. Jaime e eu trilhamos juntos uma linda jornada. Depois da Revista Xapuri veio o site, vieram os e-books, a lojinha virtual (pra ajudar a pagar a conta), os podcasts e as lives, que ele amava. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo a matéria.
Na tarde do dia 14 de julho de 2021, aos 67 anos, depois de longa enfermidade, Jaime partiu para o mundo dos encantados. No dia 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com o agravamento da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
É isso. Agora aqui estou eu, com uma turma fantástica, tocando nosso projeto, na fé, mas às vezes falta grana. Você pode me ajudar a manter o projeto assinando nossa revista, que está cada dia mió, como diria o Jaime. Você também pode contribuir conosco comprando um produto em nossa lojinha solidária (lojaxapuri.info) ou fazendo uma doação via pix: contato@xapuri.info. Gratidão!
Zezé Weiss
Editora
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