Rumo aos mistérios da Vida: Sonda japonesa pousa no asteroide Ryugu, a 300 milhões de km da Terra

Sonda japonesa Hayabusa2 pousa em um asteroide distante

A sonda japonesa Hayabusa 2 pousou com sucesso na superfície do asteroide Ryugu, um momento histórico na espacial que pode nos fornecer detalhes fascinantes sobre as origens da na .

Por: Natasha Romanzoti/ HypeScience

A missão

A sonda foi enviada para coletar amostras de um asteroide a mais de 300 milhões de quilômetros de distância.

De acordo com autoridades da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), na sexta-feira, Hayabusa 2 pousou brevemente sobre Ryugu, disparou uma “bala” na superfície para recolher a poeira levantada, e retornou a sua posição orbital original.

Toda a descida foi automatizada e levou cerca de 23 horas. Ao entrar em contato suavemente com a superfície, a sonda deveria ter uma velocidade de apenas sete centímetros por segundo.

Se tudo ocorreu conforme o planejado, uma amostra de até 0,1 grama de material foi coletada em uma cápsula para ser transportada de volta à Terra no final de 2020.

pouso asteroide JAXA busca origens vida 2

A com Hayabusa 2 é cortada às vezes porque suas antenas nem sempre estão apontadas para a Terra, e pode levar mais alguns dias para confirmar que a bala foi de fato disparada para permitir a coleta de amostras.

O procedimento complicado levou menos do que o esperado e pareceu correr sem problemas, anunciou o gerente de missão, Makoto Yoshikawa.

“É realmente emocionante, porque é a primeira vez na que podemos ter uma amostra de um asteroide carbonoso”, disse Patrick Michel, do Observatório Côte d’Azur, na França, um dos da missão.

Essa amostra deve levar a um salto, ou novas descobertas, na planetária. Acredita-se que o asteroide contenha quantidades relativamente grandes de matéria orgânica e água de cerca de 4,6 bilhões de anos atrás, quando o sistema solar nasceu.

Durante uma missão posterior, a Hayabusa 2 irá disparar um “impactador” para explodir material debaixo da superfície de Ryugu, permitindo a coleta de materiais “frescos” não expostos a milênios de e radiação.

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A sombra de Hayabusa 2 sobre o asteroide Ryugu durante uma aproximação em outubro de 2018

Origens da vida

Os cientistas esperam que essas provas possam fornecer respostas a algumas questões fundamentais sobre a vida e o universo, incluindo se elementos do espaço ajudaram a dar vida à Terra.

Ryugu tem pouco mais de um quilômetro, mas acredita-se que contém um imenso tesouro científico: material primitivo remanescente do sistema solar primordial de 4,6 bilhões de anos atrás, uma época anterior à formação dos planetas ao redor do sol.

Para estudar essa rocha rica, a Hayabusa 2 já criou mapas globais e enviou três pequenos robôs para a superfície, no final de 2018.

O principal objetivo da missão sempre foi coletar diretamente amostras da superfície, no entanto, usando equipamentos semelhantes implantados pela primeira vez em uma missão antecessora, a Hayabusa 1.

Histórico

Originalmente, o pouso da sonda tinha sido programado para o ano passado. Foi adiado depois que pesquisas descobriram que a superfície do asteroide era mais acidentada do que se pensava inicialmente, forçando a JAXA a levar mais tempo para encontrar um local de pouso adequado.

A missão Hayabusa 2 foi lançada em dezembro de 2014 e está programada para retornar à Terra com suas amostras em 2020.

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A sonda é uma segunda versão de uma missão que retornou de um asteroide menor, em forma de batata, em 2010, com amostras de poeira, apesar de vários contratempos durante sua odisseia épica de sete anos.

Essa única missão anterior de retorno de amostras de asteroide, Hayabusa 1, devolveu grãos de poeira do tipo S (ou pedregosos), mas o Itokawa é um objeto menos intocado que o Ryugu, que parece ter formado consideravelmente mais tarde na história do sistema solar.

Possibilidades incríveis

O plano original da JAXA exigia três pousos separados com coletas de amostras, devolvendo material de diferentes locais. Preocupações sobre o terreno acidentado, no entanto, significam que apenas mais uma aterrissagem provavelmente será tentada, uma que será ainda mais ambiciosa.

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Não antes de abril, a sonda disparará um “impactador” pesando um quilograma em direção à superfície a uma velocidade de dois quilômetros por segundo, escavando uma pequena cratera de dois a três metros de diâmetro. A equipe decidirá se descerá e tentará coletar uma amostra de dentro dessa cratera, recolhendo material de dentro do próprio asteroide – algo que nunca foi feito antes.

Os pesquisadores esperam aprender como os asteroides – e talvez os cometas – semearam a Terra com água e outros ingredientes essenciais para a vida. Se e quando as amostras originais desses asteroides primordiais forem devolvidas, equipes globais de cientistas irão vasculhá-las em busca de materiais orgânicos, como aminoácidos, que podem fornecer novas pistas para os nossos primórdios.

Analisar a composição isotópica das amostras também revelará com precisão quantos anos cada asteroide tem, reforçando a cronologia de transformação do nosso sistema solar. [PhysScientificAmerican]

Fonte:

Acabamos de pousar uma sonda em um asteroide distante

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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