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Segurança derruba, sufoca, asfixia e estrangula jovem negro até a morte, e não passa nada. Vidas negras importam?

Coincidência ou não, mal o governo anuncia sua Lei AntiCrime com permissão para policiais (e seguranças) assassinarem quando se sentirem incomodados, que sequer foi votada no Congresso, e um bolsonarista fardado, segurança de hipermercado, derruba, sufoca, asfixia, estrangula e mata um jovem negro de 19 anos, doente em tratamento, pai de uma criança indefesa. Anunciando tempos ainda mais trágicos, o assassino é indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar) e liberado da prisão provisória mediante pagamento de multa de 10 mil reais. É como diz o Kiko Nogueira, em uma das matérias que se seguem: Pobres de nós!

A MORTE DO CACHORRO NO CARREFOUR GEROU MAIS INDIGNAÇÃO QUE A DO JOVEM NEGRO ESTRANGULADO NO SUPERMERCADO

Um jovem morreu após ser estrangulado por um segurança do hipermercado Extra na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, na tarde de quinta-feira, dia 14.

A alegação é a de que Henrique Gonzaga, de 25 anos, teria tentado roubar a arma do homem, segundo O Dia.

O segurança Davi Ricardo Moreira foi preso, mas já saiu na madrugada desta sexta da Delegacia de Homicídios.

Vai responder em liberdade.

Pedro foi imobilizado em um “mata-leão”. Deveria ter sido solto quando ficou inconsciente. 

O predador largou sua presa quando era tarde demais.

Tudo foi filmado.

“Está desmaiado, não está não?”, pergunta alguém.

“Está sufocando ele”, diz uma . “Ele está com a mão roxa”, afirma outra.

Todos obedecem quando lhes é ordenado que calem a boca.

Ninguém faz nada.

O vídeo vai ganhar likes nas redes sociais.

Pedro morreu no hospital após uma parada cardiorrespiratória. O supermercado emitiu uma nota protocolar, afirmando que os funcionários foram afastados. 

Mais um que virou estatística. Bandido bom é bandido morto.

Foi sob violenta emoção, certo, doutor Moro? Talquei?

A comoção durou algumas horas e amanhã ninguém se lembrará de mais nada.

Um abatido a pauladas no Carrefour de Osasco gerou uma onda de indignação no país durante semanas, mobilizando anônimos e famosos.

Páginas e páginas no Facebook homenagearam o cão. Nenhuma será feita para exigir justiça a Pedro.

Antes que você me acuse de odiar os animais: estou fazendo apenas uma constatação.

Olhe à sua volta.

É a vida como ela é. Nada de novo sob o sol.

Pobres de nós.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-morte-de-um-cachorro-no-carrefour-gerou-mais-indignacao-que-a-do-jovem-negro-estrangulado-no-supermercado/

Vídeo incorporado

SEGURANÇA DE SUPERMERCADO QUE ESTRANGULOU JOVEM NEGRO É BOLSONARISTA 

Jovem negro segruan%C3%A7a bozo

JOVEM MORTO POR SEGURANÇA NO HIPERMERCADO EXTRA ESTAVA A CAMINHO DE CLÍNICA DE REABILITAÇÃO; ELE TINHA UM FILHO

Reportagem de Vera Araújo na Revista Época informa que nem os gritos de Dinalva Oliveira, implorando que o segurança de um supermercado da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, soltasse seu filho Pedro Oliveira Gonzaga, de 19 anos, enquanto ele sofria o golpe conhecido como mata-leão, foram suficientes para salvar o rapaz. Naquela tarde da última quinta-feira, ela parou na Praça de Alimentação do estabelecimento com o jovem para almoçarem, antes de levá-lo a uma clínica de reabilitação para dependentes químicos em Petrópolis. A mala de Pedro já estava no carro. De repente, ele se levantou e, segundo uma amiga da família, teve um surto, uma alucinação. Em depoimento à Delegacia de Homicídios da Capital, o segurança que lhe aplicou o golpe contou que Pedro tentou tirar a arma dele e, apesar de haver outros seguranças, ele disse ter agido em legítima defesa.“Ele está com a mão roxa”, implorou Dinalva, duas vezes seguidas. “Ele não está armado!”, completou.

De acordo com a publicação, a ação durou cerca de quatro minutos. Enquanto a mãe pedia clemência para o filho, o segurança respondia, aos berros, que ela mentia sobre a situação do filho estar ficando roxo. Não era a primeira vez que Pedro seria internado. Jovem de classe média da Barra, a família lutava para que deixasse as drogas. A fim de mantê-lo em casa, o padrasto, o comerciante Newton Filho, montou um estúdio para Pedro, com mesa de mixagem e aparelhagem de som.  Mas, em agosto de 2017, ele agrediu o padrasto por ter lhe tirado o cachimbo de narguilé, usado para fumar maconha, que ficava em seu quarto.

No condomínio de classe média onde a família mora, o é de consternação. “Ela estava levando ele para a clínica. Está acabada, sedada. Não lhe deram chances de defesa”, disse uma amiga. Pelo Facebook de Pedro é possível ver que a nova paixão dele era o filho, de menos de um ano, fruto da relação com uma jovem de 17 anos. A família costumava viajar de férias para lugares turísticos no . Uma das últimas viagens, há pouco mais de um ano, foi para Gramado, no Rio Grande do Sul. Nas redes sociais da mãe, há registros também em Búzios e Visconde de Mauá, no Rio, completa a Época.

jOVEM NEGRO PEDRO 19 ANOS

 

VIDAS NEGRAS IMPORTAM

Usando hashtags como #PrecisavaMatar, #VidasNegrasImportam, #BlackLivesMatter, algumas personalidades públicas brasileiras se manifestaram publicamente contra o crime em suas redes sociais:

Bruna Marquezine, atriz:  “Um segurança do Hipermercado Extra da Barra da Tijuca sufocou até a morte Pedro Henrique Gonzaga, jovem negro que, alega-se, tentava furtar o supermercado. No vídeo publicado em múltiplas plataformas é possível ver que o rapaz já não se mexe, mas o assassino permanece em cima dele por quase 2 minutos, ameaça e xinga os clientes que protestam indicando que o rapaz está roxo, sufocando, morrendo. O assassino e seus comparsas “seguranças” (um deles tenta inclusive parar o vídeo) alegam que o rapaz tentou tomar a arma do assassino, fingiu desmaio e que estava tentando furtar a loja. Pois bem, imobiliza-lo não seria o suficiente? Precisava matar? Esse homicida travestido de segurança foi avisado, inclusive por seus companheiros, mas escolheu matar o jovem. No entanto, responderá em liberdade por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), mesmo com um vídeo onde está clara a intenção criminosa. O grupo extra divulgou nota estéril em que repudia a violência (o novo “ninguém merece morrer”) e diz que o jovem foi “contido” antes da chegada da polícia e bombeiros. Eu não sabia que “contido” era sinônimo de “assassinado”. É esse tipo de nota, esse tipo de situação e o silêncio da sociedade que perpetuam a chacina diária da população negra. O que diria o ministro da justiça em sua rasa cartilha anticrime? O senhor acha que foi um ato baseado em violenta emoção ministro?? Ou a perpetuação do e das estruturas escravocratas do país nada tem a ver com esse assassinato a sangue frio em praça pública? Cadê o barulho de quem se indignou com a morte do cachorro?  Ou vocês acreditam que uma alegada tentativa de furto é suficiente para matar um jovem? O Brasil é preto. De pele e de luto. Vidas negras importam”.

Camila Pitanga, atriz: Vidas Negras Importam

Fernanda Paes Leme, atriz:  Um jovem de 19 anos foi assassinado de uma forma cruel e covarde dentro do @extra_oficial. Sua mãe assistia tudo. Várias pessoas assistiam a tudo. Li muitos depoimentos sobre o caso. Vidas negras são vulneráveis em uma sociedade racista. É uma luta diária contra um problema causado por nós, brancos. O racismo é um problema branco. Precisamos da consciência de que NÓS temos que ser a solução pro problema que criamos, pq o racismo não acaba quando não falamos mais dele, o racismo acaba quando não o praticamos e isso é uma evolução diária e obrigatória. Não basta não ser racista, precisamos lutar contra o racismo para que jovens não morram de forma criminosa, num espetáculo de horror e dor.

Flávia Oliveira, colunista do O Globo e da rádio CBN: Assassinado! Mais um corpo negro assasinado! Pedro Gonzaga foi brutalmente assassinado no último dia 14, sendo acusado de tentativa de furto no supermercado Extra na Barra da Tijuca. Os fundamentos da acusação são absurdamente falhos e inconsistente, Pedro estava acompanhado de sua mãe e era portador de transtornos mentais. E, mesmo, depois de imobilizado Pedro foi estrangulado pelo segurança que a despeito dos gritos e pedidos para que cessasse a agressão continuou o estrangulamento até por fim matá-lo. Fica o questionamento sobre a criminalização dos nossos corpos e a violência que nos atinge, bastando sermos negros para automaticamente nos considerarem suspeitos em quaisquer espaço que circulamos (…)  A criminalização da juventude negra é uma que tem executado dezenas dos nossos e legitimado ações arbitrárias sobre nossos corpos. Em tempos em que o aparelho punitivo do Estado se fortalece e encontra apoio ainda nas camadas populares, percebemos como essa cultura genocida identifica suas vítimas e as executa sem nenhum receio de punição ou responsabilização. A carne mais barata do mercado não pode ser a carne negra, ter nossos corpos negros como principais alvos de suas reproduções fascistas e genocidas não é mais uma opção. Precisamos mais que punição do segurança que o executou, necessitamos que essa cultura punitiva e seletiva seja atacada no cerne de suas concepções racistas e desfeita a guerra contra os pobres, pretos e favelados. Os seguranças e guardas patrimoniais, a polícia militar, precisam de um treinamento humanizado e as empresas precisam ser responsabilizadas. Vidas negras importam, nossos corpos nos pertecem e nossas vidas merecem respeito e dignidade. Parem de nos matar!

Ícaro , ator e cantor:  “Um segurança do Hipermercado Extra da Barra da Tijuca SUFOCOU ATÉ A MORTE Pedro Henrique Gonzaga, jovem negro que, alega-se, tentava furtar o supermercado. No vídeo publicado em múltiplas plataformas é possível ver que o rapaz já não se mexe, mas o assassino permanece em cima dele por quase 2 minutos, ameaça e xinga os clientes que protestam indicando que o rapaz está roxo, sufocando, morrendo. O assassino e seus comparsas “seguranças” (um deles tenta inclusive parar o vídeo) alegam que o rapaz tentou tomar a arma do assassino, fingiu desmaio e que estava tentando furtar a loja. Pois bem, imobiliza-lo não seria o suficiente? PRECISAVA MATAR??? Esse homicida travestido de segurança foi avisado, inclusive por seus companheiros, mas ESCOLHEU MATAR o jovem. No entanto, responderá em liberdade por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), mesmo com um vídeo onde está clara a intenção criminosa. O grupo extra divulgou nota estéril em que repudia a violência (o novo “ninguém merece morrer”) e diz que o jovem foi “contido” antes da chegada da polícia e bombeiros. Eu não sabia que “contido” era sinônimo de “ASSASSINADO”. É esse tipo de nota, esse tipo de situação e o silêncio da sociedade que perpetuam a CHACINA DIÁRIA da população negra. O que diria o ministro da justiça em sua rasa cartilha anticrime? O senhor acha que foi um ato baseado em VIOLENTA EMOÇÃO ministro?? Ou a perpetuação do racismo e das estruturas escravocratas do país nada tem a ver com esse ASSASSINATO A SANGUE FRIO EM PRAÇA PÚBLICA? CADÊ O BARULHO DE QUEM SE INDIGNOU COM A MORTE DO CACHORRO? Ou vocês acreditam que uma alegada tentativa de furto é suficiente para matar um jovem? O Brasil é preto. De pele e de luto.

Lucy Ramos, atriz: Um segurança do Hipermercado Extra da Barra da Tijuca SUFOCOU ATÉ A MORTE Pedro Henrique Gonzaga, jovem negro que, alega-se, tentava furtar o supermercado. No vídeo publicado em múltiplas plataformas é possível ver que o rapaz já não se mexe, mas o assassino permanece em cima dele por quase 2 minutos, ameaça e xinga os clientes que protestam indicando que o rapaz está roxo, sufocando, morrendo. O assassino e seus comparsas “seguranças” (um deles tenta inclusive parar o vídeo) alegam que o rapaz tentou tomar a arma do assassino, fingiu desmaio e que estava tentando furtar a loja. Pois bem, imobiliza-lo não seria o suficiente? PRECISAVA MATAR??? Esse psicopata travestido de segurança foi avisado, inclusive por seus companheiros, mas ESCOLHEU MATAR o jovem. No entanto, responderá em liberdade por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), mesmo com um vídeo onde está clara a intenção criminosa. O grupo extra divulgou nota estéril em que repudia a violência (o novo “ninguém merece morrer”) e diz que o jovem foi “contido” antes da chegada da polícia e bombeiros. Eu não sabia que “contido” era sinônimo de “ASSASSINADO”. É esse tipo de nota, esse tipo de situação e o silêncio da sociedade que perpetuam a CHACINA DIÁRIA da população negra.
O que diria o ministro da justiça em sua rasa cartilha anticrime? O senhor acha que foi um ato baseado em VIOLENTA EMOÇÃO ministro?? Ou a perpetuação do racismo e das estruturas escravocratas do país nada tem a ver com esse ASSASSINATO A SANGUE FRIO EM PRAÇA PÚBLICA? CADÊ O BARULHO DE QUEM SE INDIGNOU COM A MORTE DO CACHORRO? Ou vocês acreditam que uma alegada tentativa de furto é suficiente para matar um jovem? O Brasil é preto. De pele e de luto

Maíra Azevedo, a Tia Ma, jornalista: Pedro Gonzaga! Não é apenas um nome! É o retrato da nossa sociedade Racista, excludente e perversa! Que tem a população negra como seu alvo principal! Estamos adoecendo! Isso é enlouquecedor! Tiram a nossa humanidade! O nosso direito de celebrar a vida, porque estamos o todo falando das NOSSAS MORTES! Parem de nos matar! Esperamos um posicionamento contundente do @extra_oficial …pq não vamos aceitar que naturalizam nossos corpos pretos estendidos no chão. O segurança já foi liberado…e nós seguimos adoecendo, em estado permanente de tensão…porque sabemos que a qualquer momento…podemos ser a próxima vítima! Cláudia, virou a arrastada, Marielle ninguém sabe quem matou, e Pedro… foi sufocado, mas nosso grito não! Somos !

Mariana Lima, atriz:  Até quando?!?!? Vidas negras estão sendo exterminadas pelo estado policial racista no Brasil, sistematicamente!!!!!Uma menina foi morta hj com Um tiro no peito , numa troca de tiros. Uma menina negra. Nada disso ocupou as páginas principais do jornal. Naturalizamos o extermínio , o genocidio. O governo toma medidas que só pioram esse estado. Vamos berrar, gritar. Eu não sei o que fazer além dessa denúncia. Mas denunciamos e nada acontece. Como faremos?!?!?

Pathy Dejesus, atriz: Até quando? Precisa acontecer mais o quê, meu Deus??? Que a justiça seja feita!

Samantha Schmütz, atriz:  Extra , Extra … agora seguranças de supermercados podem sentenciar a morte ! Podem julgar em dois minutos a conduta de alguém e assassinar as pessoas em praça pública! Vamos nos indignar Brasil!

Samara Felippo, atriz: Precisa mudar!!! Precisa!!!

Sheron Menezzes, atriz: Com coração doído, sem nem saber mais o que pensar deste mundo.

Thaila Ayala, atriz:  O segurança ficou detido por três horas na delegacia e foi solto após pagamento de fiança de R$ 10 mil. Ele responderá o processo em liberdade…. Até quando?

Zezé Polessa, atriz: Estão se formando movimentos fortes contrários a esse tipo de abuso e descaso c a vida humana. Participe!

Jovem negro

NOTA DO HIPERMERCADO EXTRA 

Com relação ao lamentável episódio ocorrido na tarde da última quinta-feira (14 de fevereiro) no Hipermercado Extra Barra, a rede vem a público reiterar que não aceita qualquer ato de violência.  Um grave fato ocorreu na loja do Extra e a rede não vai se eximir das responsabilidades diante do ocorrido, sendo a maior interessada em esclarecer a situação o mais rapidamente possível. Desta forma, está colaborando com as autoridades e contribuindo com todas as informações disponíveis. Os envolvidos no caso foram definitivamente afastados. A companhia instaurou uma sindicância interna para acompanhamento junto à empresa de segurança e aos órgãos competentes do andamento das investigações.  O Extra continuará contribuindo com a apuração e assegura que tomará todas as medidas cabíveis tendo em vista o resultado da investigação.  Acrescentamos que, independentemente do resultado da apuração dos fatos, nada justifica a perda de uma vida e a companhia se solidariza com os familiares e envolvidos”. 

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Respostas de 2

  1. Bem se vê o Total despreparo dos seguranças ,o rapaz ja desacordado e ninguem fez nada e ai vem dizer que o segurança agiu correto e que não teve intenção de MATAR, AHHHH conta outra

  2. Há diversas.formas de matar: mata-se moral, psicologica, fisicamente, . . . A lei oficial imperante no Brasil a partir de expedientes como o Mensalão e a Lava Jato libera todas essas modalidades de execução humana e os psicopatas, togados ou uniformizados, sedentos de fama /sangue, encontram nessas vias sórdidas o meio de expressar heroicamente os seus mais hediondos e brutais desequilíbrios. Será o FINAL ou, ainda, vivemos apenas o SINAL do FIM dos dos tempos? QUEM SOBREVIVERÁ? ? ?

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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