Será o Mapinguari?

Será o ?

Quando pensamos em uma preguiça hoje, nos vem à mente a imagem de um bicho tranquilo, parecido com um macaco e que vive no topo das árvores…

Da Revista Nossa

Mas há aproximadamente 12 mil anos, as preguiças que perambularam pela Amazônia eram gigantes – algumas chegavam a ter o tamanho de um elefante – andavam pelo chão e possuíam uma garra a mais que as preguiças atuais.

Esses pesavam cerca de cinco toneladas e podiam atingir até seis metros de altura. Tinham o corpo recoberto de pelos e caminhavam lentamente apoiando-se sobre os lados dos pés e das mãos.

A maioria das alimentava-se de gramíneas e folhas; outras usavam a cauda robusta e musculosa, além dos pés, para formar um tripé e assim alcançar os ramos e brotos mais altos das árvores.

O primeiro esqueleto de preguiça gigante foi encontrado em 1787, na cidade argentina de Luján. Diante do tamanho dos ossos, enviados ao Museu Real Gabinete de Natural de Madri, os espanhóis concluíram que se tratava de um elefante sul-americano.

Mais tarde, porém, o anatomista francês Georges Cuvier, diretor do Museu de História Natural de Paris, identificou o esqueleto como sendo de uma preguiça, que recebeu o nome de Megatherium americanum (grande selvagem americano).

Estudam comprovam que as preguiças gigantes eram relativamente comuns no Acre. Seus fósseis são conhecidos do Alto Juruá e muitos podem ser vistos no Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da UFAC, em .

Tudo indica que esses animais, assim como os dinossauros, foram extintos. Mas pelo menos uma teoria levanta dúvidas sobre isso: a de que o Mapinguari, figura lendária que atemoriza os moradores da , é na verdade uma preguiça gigante.

A explicação é sustentada por David Oren, ex-diretor de pesquisa do Instituto Goeldi, em Belém. Para ele, a do Mapinguari surgiu do contato que os humanos tiveram com os últimos representantes da espécie das preguiças gigantes.

O biólogo americano fez algumas expedições à procura do animal, mas como não conseguiu encontrá-lo, acabou desistindo de provar sua existência.

Fonte: Nossa Terra: uma viagem às origens da . Fundação de Cultura Elias Mansur – FEM. Biblioteca da Floresta, 2010. Capa: Reprodução Internet. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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