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Serra da Saudade

SERRA DA SAUDADE: A MENOR CIDADE DO BRASIL

Serra da Saudade: A menor cidade do Brasil

Distante cerca de 270 quilômetros de Belo Horizonte, com apenas 786 habitantes, Serra da Saudade, localizada na região centro-oeste de Minas Gerais, é, segundo dados do IBGE, a menor cidade do Brasil.

Por Eduardo Pereira

Depois dela vem Borá, no estado de São Paulo, com 836 habitantes, e Araguainha, no Mato Grosso, com 956 almas viventes.

A menor cidade do Brasil é um dos oito municípios pertencentes ao circuito conhecido como “Caminhos do Indaiá”, em referência ao Rio Indaiá, que corta a região.  Existem, em Serra da Saudade, muitos atrativos turísticos, alguns deles tombados pelo patrimônio histórico.

Um deles é Barra do Funchal, onde bifurcam os rios Funchal e Indaiá. Em alguns trechos do rio é possível fazer canoagem e outros esportes aquáticos, além de pescaria. Outro local tombado pelo patrimônio histórico para visitação é a antiga ponte por onde trafegavam os viajantes que iam trabalhar na construção de Brasília, na década de 1960.

 

Construídos para abrigar a antiga ferrovia, os túneis desativados encontram-se muito bem conservados, segundo a Prefeitura, principalmente pelo material com que foram construídos, e são verdadeiros monumentos em meio a uma vegetação de cerrado. Não há sinais de degradação ou vandalismo, e isso chama a atenção.

Para quem gosta de fazer trilhas, caminhadas e cavalgadas, ou enduro equestre, há várias estradas e lugares para respirar ar fresco e se exercitar. Também há cachoeiras, vales, mirantes e nascentes, como a “Nascente da Balofa“, outro atrativo na cidade.

Eduardo Pereira – Sociólogo, com informações da Prefeitura Municipal de Serra da Saudade e de matérias publicadas na imprensa nacional.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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