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Sintego: Dois anos de luta e resistência

: Dois anos de luta e resistência contra as Organizações Sociais na gestão da educação goiana
“Ao lutar bravamente contra a privatização do ensino em por meio das OS, o Sintego dá um exemplo de resistência a ser seguido por todos os Estados brasileiros.“
Daniel Cara – Coordenador, Campanha Nacional pela Educação

Para o Sintego, a defesa de uma Educação Pública de Qualidade, nos termos definidos pela legislação brasileira, é uma questão de compromisso com a formação cidadã das gerações presentes e futuras.

Em Goiás, nos últimos dois anos, esse compromisso vem sendo traduzido em luta e resistência contra a privatização do ensino pelo Governo do Estado, por meio da tentativa contínua de contratação das Organizações Sociais (O.S.) para a gestão das escolas goianas.

Fomentadas com entusiasmo nos anos 1990 pela Cooperação Internacional, a adoção das O.S. provou-se ineficaz para países que as adotaram como institucional, como o , o Chile, os , onde estudos mostram que as O.S., conhecidas como “Charter Schools”, não apontam vantagem clara de desempenho em comparação com as escolas públicas tradicionais.

No caso brasileiro, onde as O.S. são regulamentadas desde maio de 1998 pela Lei nº 9.637, com resultados pouco animadores na área da , a própria Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que o país interrompa esse tipo de política, bem como a prática de militarização das escolas, considerando-a prejudicial ao direito à Educação das crianças e adolescentes. Na contramão da história, o Governo de Goiás insiste na contratação de O.S. para cuidar da gestão da Educação do Estado.

“Em Goiás temos o pior dos mundos”, afirma Daniel Cara, Coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Daniel explica que, em Goiás, trabalha-se na direção contrária às recomendações do Comitê dos Direitos da Criança da ONU. Daniel destaca que “o Comitê recomenda que o Brasil interrompa políticas contrárias aos direitos de crianças, adolescentes e jovens, como a gestão via O.S. em Goiás. ”

O gráfico abaixo apresenta um resumo das atividades de luta e resistência desenvolvidas pelo Sintego desde o início da gestão do governo Perillo para implantar as O.S. em Goiás.

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DECISÕES JUDICIAIS QUE IMPEDIRAM A TROCA DE GESTÃO EM TODOS OS EDITAIS QUE FORAM LANÇADOS

À mobilização social vinculada à luta contra a privatização do ensino em Goiás, o Sintego documentou, ao longo dos últimos dois anos, a resistência também do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e de várias outras instituições do campo jurídico contra as O.S.

Mesmo com todos os impedimentos colocados pela Justiça goiana, o governo Perillo entra o ano de 2017 anunciando novos editais para a terceirização das escolas no Entorno do Distrito Federal. Embora a Secretária Raquel Teixeira, em entrevista recente ao jornal O Popular reconheça a fragilidade e a inexperiência das O.S. selecionadas, a Seduce insiste em prosseguir com o processo.

O Sintego seguirá, pelo que for necessário, informando, conscientizando e mobilizado os trabalhadores e trabalhadoras da Educação, as organizações e entidades de defesa da Educação e a própria sociedade goiana contra a tomada do ensino por entidades privadas.

O gráfico abaixo faz um resumo das disputas, até agora perdedoras, do Governo de Goiás para privatizar a Educação no Estado.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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