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Sonia Guajajara: Nossas terras não estão à venda!

Sonia Guajajara: Nossas terras não estão à venda, Bolsonaro! Nossas terras devem ser preservadas!

Do 247 – A líder indígena Sônia Guajajara (PSOL) criticou as declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) em relação aos povos indígenas e suas reservas. Candidata à vice-presidenta na chapa de Guilherme Boulos (PSOL), Guajajara disse que as terras indígenas não estão à venda, e que precisam ser preservadas.

“Bolsonaro volta a atacar! Desta vez fala que Terras Indígenas são zoológicos referindo-se aos indígenas como animais. Isso para justificar a venda dessas terras para as grandes empresas.Nossas terras não estão à venda, precisam ser preservadas para garantirmos o futuro do planeta!”, disse Sônia em sua conta no Twitter.

Durante a semana, o presidente eleito chegou a comparar indígenas em reservas com animais em zoológicos, o que desagradou ambientalistas e lideranças dos povos indígenas.

Sonia Bone Guajajara

SONIA BONE GUAJAJARA 

Por: Zezé Weiss – Perfil publicado na , em 2015.

Desde tempos imemoriais, o povo indígena Guajajara/Tentehar habita as matas do que hoje se conhece como Terra Indígena Arariboia, no . Depois de mais de 400 anos de resistência, com muita coragem, muita determinação e muita luta, os Guajajara/Tentehar conseguiram manter sua história, sua , suas belas e milenares tradições.

Guerreira como seu povo, a líder indígena Sonia Bone Guajajara, 41 anos, casada, mãe de três filhos (Mahkai, Yaponã e Y'wara), acadêmica graduada em Letras e pós-graduada em Especial pela Universidade Estadual do Maranhão, traduz o espírito de resistência dos Guajajara/Tentehar: Sonia é hoje uma das lideranças mais expressivas do movimento indígena brasileiro.

À frente da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, onde exerce a função de coordenadora-executiva, Soninha, como é chamada por seus “parentes” indígenas e por suas amizades no Brasil e mundo afora, gosta do que faz. Ela entende seu trabalho como missão e, com a mesma paixão e carinho, cuida tanto das questões locais do seu povo, no Maranhão, quanto das grandes causas nacionais dos povos indígenas.

Acostumada a travar grandes embates tanto em nível nacional quanto internacional, Sonia se fortalece nos inúmeros desafios que sempre enfrenta. Sua fala expressa isso com extrema clareza:

“É muito difícil ser indígena hoje e mais difícil ainda ser liderança, porque as forças políticas e econômicas querem dominar, manipular e decidir, e para isso vale roubar, matar, invadir e destruir, como acontece com o meu povo no Maranhão.

Hoje vivemos em 11 Terras Indígenas, na região onde sempre foi a nossa terra originária. Embora nossas Terras tenham cumprido todo o rito da , do registro e da homologação, enfrentamos uma constante situação de risco dentro da nossa própria casa.

Nossas comunidades são constantemente ameaçadas e nossas lideranças são frequentemente assassinadas por invasores – fazendeiros, grileiros, mercenários, pistoleiros-, que nos destroem, nos roubam, nos matam e, pior, tentam acabar com nossos costumes e tradições, ameaçando, assim, a vida dos homens e das mulheres indígenas de nossas aldeias e de nossa região.

Fico muito triste porque, ao invés e garantir os territórios sagrados aos povos indígenas, o que se busca são formas de legalizar o desalojamento forçado, negando direitos conquistados, no Maranhão e no Brasil inteiro”.

Mesmo um passeio rápido pelas redes sociais, nas últimas semanas, dá uma ideia da dimensão da gravidade da conjuntura enfrentada por Sonia e pelo movimento indígena brasileiro neste final de ano. Em 27 de outubro, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou a PEC 215 que, na prática, acaba com o processo de demarcação de terras indígenas no Brasil. Soninha se posiciona:

SONIA-credito-Celso-Maldos“A PEC 215 é um desses instrumentos de violar direitos, de negar direitos e de retroceder direitos dos povos originários. Agora, aprovada na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, o passo seguinte será a votação em Plenário. Lá, seremos esmagados por esse sistema político fascista em que se tornou o . Mas estamos atentos e vigilantes, queremos ver formas de impedir que chegue ao Plenário e, de qualquer forma, vamos continuar mobilizando o Senado para que mantenham seu posicionamento contrário”.

Este ano, 48 senadores e senadoras assinaram um manifesto dizendo “não” à PEC 215. “Vamos ver se agora sustentam sua palavra. Por outro lado, é muito claro que tanto a Câmara quanto o Senado e o Ministério Público estão usando esta PEC como moeda de troca para negociar seus interesses”, afirma Soninha.

A brava guerreira, que desde menina se indignava quando ouvia falar que “índio não pensava, quer era bicho violento, que não podia exercer um trabalho além da roça, que deveria ficar isolado na mata, que existe muita terra para pouco índio, que índio bom é índio morto, e por aí vai” não se intimida. Ao contrário, se fortalece na adversidade: “A cada vez que perdemos uma batalha, mais coragem me dá e mais forças eu tenho para continuar lutando”.

Esta é Sonia Bone Guajajara, uma grande liderança nacional, uma sensível mulher indígena que acredita e ousa construir um mundo diferente, “mas um diferente que valorize as diferenças, as competências, as habilidades e, sobretudo, a riqueza e as diversidades culturais, o deus que cada ser humano é” – diz a guerreira.

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A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215, de autoria do ex-deputado Almir Sá, de Roraima, que tramita na Câmara desde o ano 2000, tem sido alvo de críticas e protestos, porque representa um retrocesso e uma ameaça aos . Veja o que muda, segundo a proposta:

COMO ÉCOMO SERIA
A decisão sobre demarcação de terras indígenas cabe à , ao Ministério da Justiça e à Presidência da República.A competência de demarcar terras indígenas passa a ser do Congresso Nacional.
A demarcação é definitivaPode haver revisão em processos de terras já demarcadas.
A regulamentação é feita por Decreto do Executivo.A regulamentação passa a depender de Lei, aprovada pelo Congresso Nacional

Fotos: WWF | Celso Maldos

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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