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Tem Fome, dá de comer

Tem Fome, dá de comer

Live Solidária – 03/02/2022 – 21h –  RESUMO 

Mediadora Iêda Leal – Coordenadora Nacional do MNU

Conversa com:

  • Bell Farias (MT) – Quilombola, Pedagoga, MNU.
  • Simone Esterlina – Sinpro-MG, Mulheres Iluminadas, MNU

TEM FOME, DÁ DE COMER. Essa é a temática do MNU para tempos de resistência. Dar de comer para quem tem fome. E são muitos e são tantos. Dessa forma, Iêda Leal recebe sua primeira convidada, a Bell, muito querida e animada nesta caminhada. Bell nos conta, emocionada que a campanha foi fundamental, para tirá-la de uma enorme depressão. Que ao ajudar e distribuir cestas básicas de alimentos, se sentiu mais viva, mais integrada a sua comunidade e ao seu povo preto.

Assim, essa guerreira vai apresentando inúmeras fotos de registro da campanha. Com memória aguçada e muita diplomacia vai elencando nomes e parcerias. Com um jeitinho especial envia beijos e abraços para os que não foram citados. Bell, com elegância e amorosidade pede licença:

-Vou ter que enviar um beijo para minha netinha lá no Mato Grosso.

Pode Bell, com toda sua generosidade você pode tudo! E que sua mesa seja sempre farta!

É assim, como conversa de comadres que esta live foi acontecendo. Iêda Leal, com ferrenho entendimento explica que a campanha se fez necessária: Tinha muita gente passando fome e o MNU resolver abraçar a causa.

Simone Esterlina, lá dos belos horizontes das lindas Minas Gerais, chega atrasada. Ofegante, Na tela aparece o nome João. Pegou emprestado o celular do companheiro. Tempos modernos e internet escassa. Pois que muito bem, Simone entra na live já apresenta um padrão a ser quebrado: nomes. Uns para homens, outros para mulheres. Entretanto, habitam em nós os muitos jooes e marias de uma inteira. 

Iêda Leal pontua, conclama: Basta! O povo preto não merece passar fome. Ninguém merece! E nos chama a desempenhar nosso papel social: se tem fome, dá de comer!

Indo pros finalmentes, Simone nos traz, soprando cinzas da memória, o legado de Madiba:

“A fome é a pior doença que a humanidade pode experimentar, é uma desgraça sem tamanho é algo
de extrema maldade, é o pior castigo que se pode experimentar.”  Nelson Mandela


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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