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Tirinhas sobre cultura negra e empoderamento

Escritora faz tirinhas sobre cultura negra e empoderamento – O objetivo da série de tirinhas é mostrar o potencial das histórias na construção de referências positivas para negras

Por Lima/REDAÇÃO OBSERVATÓRIO 3º SETOR

A escritora e pesquisadora Kiusam de Oliveira transformou a personagem principal de seu infantil ‘O no black power de Tayó’ em protagonista também de uma série de tirinhas.

Kisusam é autora de outras obras que retratam a cultura negra para o público infantil, como ‘Omo-oba: histórias de princesas’ e ‘O mar que banha a ilha de Goré’.

A apresentação da de Tayó em tirinhas tem como objetivo reafirmar o potencial das histórias para a construção de referências positivas para as crianças.

Nas tirinhas, Tayó é uma menina que interage com situações que colocam em destaque sua capacidade para se perceber como uma negra em formação em uma sociedade racista.

Nos diálogos entre os personagens, a autora chama atenção para o papel que o adulto pode exercer para proporcionar o empoderamento infantil.

A autora optou pelas tirinhas por oferecerem uma mais ágil e direta para adultos e crianças. Em uma das tirinhas, Tayó chega da e conta para a mãe que aprendeu que os negros são descendentes de escravos.

A mãe da menina então mostra para ela uma parede cheia de quadros de personalidades negras históricas e questiona a filha sobre o que ela vê. A personagem diz: “A professora se enganou, né, mãe?”.

A meta é que a partir desta exposição pais e filhos consigam dialogar sobre o tema de uma forma mais lúdica e sensível. No total, 6 tirinhas estão disponíveis.

Fonte: Observatório 3º Setor via Lunetas


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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