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Treva em Rondônia: Estado censura Macunaíma

Treva em Rondônia: Estado censura Macunaíma
Secretaria de do Estado manda recolher livros clássicos da . Autores como Aurélio Buarque de Holanda, Euclides da Cunha, Machado de Assis e Rubem Fonseca caíram nas garras da censura

 
Segundo matéria da Folha de , em um primeiro momento, a pasta afirmou que se tratava de , mas depois admitiu a autenticidade da lista. A secretaria desistiu da medida após o assunto repercutir nas redes sociais. Rondônia é governada pelo coronel Marcos Rocha (PSL), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (Aliança pelo , em formação).
O escritor Rubem Fonseca, cujo livro Feliz Ano Novo foi censurado e proibido de circular pelo governo federal durante a , foi o  maior alvo da relação, com 19 obras recolhidas. Em uma nota de rodapé o comunicado dizia que todos os livros do contista “devem ser recolhidos”.
No comunicado que ordenou o recolhimento das obras, a secretaria destaca a importância dos professores “estarem atentos as demais literaturas já existentes ou que chegam nas escolas para uso de atividades escolares“, de modo “que sejam analisadas e assegurados os direitos do estudante de usufruir do mesmo com a intervenção do ou sozinho sem constrangimento e desconfortos“.
Como reagir a um governo do atraso que censura, sem dó nem piedade, os Sertões de Euclides da Cunha, uma das obras-primas da brasileira? Ou o Macunaíma do nosso imaginário nacional?
O publicou a lista dos livros censurados e cópia do comunicado da Secretaria de Educação. Veja a seguir:

LISTA DE LIVROS CENSURADOS

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Memorando da Secretaria da Educação

Fonte:
Com informações da Folha de São Paulo. Imagem de Capa: Oficinas Culturais

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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